Ministério Público denuncia médica da UFRJ por racismo contra técnica de enfermagem

O caso ocorreu em abril de 2024. Conforme depoimento de testemunha, a médica já tinha feito outras falas consideradas racistas no ambiente de trabalho

Por Karla Souza

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou a médica Evelise Pochmann da Silva por injúria racial contra a técnica de enfermagem Iracilda Floriano. O caso ocorreu no dia 1º de abril de 2024, na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME/UFRJ), onde ambas trabalhavam. Durante um desentendimento no plantão, a médica teria dito duas vezes à vítima: “Vou te colocar no tronco”.

De acordo com o relato de Iracilda à polícia, o conflito começou quando a médica mexia em prontuários que a técnica de enfermagem ainda utilizaria. Ao alertar sobre a necessidade de usar os documentos, Iracilda teria sido alvo de insultos racistas. Segundo o depoimento, Evelise também questionou: “Vai trabalhar como, vai lavar? Vai passar?” e repetiu duas vezes o insulto referido a práticas de castigos escravagistas. A chefe do plantão, que presenciou a situação, confirmou que a vítima chorava e estava emocionalmente abalada após o episódio.

Segundo o MP-RJ, a conduta da médica contraria os princípios que a instituição deveria promover. A denúncia apresentada à Vara Criminal da Comarca da Capital aponta que Evelise Pochmann teria proferido palavras preconceituosas com o objetivo de desqualificar e ferir a dignidade de Iracilda.

Em sua defesa, Evelise negou a acusação e alegou que a técnica de enfermagem teria reagido de forma agressiva durante o plantão. A médica afirmou que sua preocupação era garantir o bom andamento do atendimento e que não houve abertura de procedimento disciplinar pela UFRJ. No entanto, a chefe do plantão relatou que essa não foi a primeira vez que a acusada teria feito comentários considerados racistas no ambiente de trabalho.

A denúncia do MP-RJ pede que a médica seja condenada à prisão por injúria racial, crime que prevê pena de dois a cinco anos de reclusão. Além disso, o órgão solicita o pagamento de indenização por danos morais à vítima.

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