Texto: Divulgação
No dia 26 de junho, Salvador e Região Metropolitana (RMS) ultrapassaram o registro de 5 mil pessoas atingidas por disparos de armas de fogo. Os números alarmantes são contabilizados desde julho de 2022, com a chegada do Instituto Fogo Cruzado na Bahia. Na última terça-feira (01), a instituição completou três anos de atuação na capital do estado, monitorando e produzindo dados sobre a violência armada.
Como principal motivação para a violência com uso de armas de fogo, o Instituto identificou as ações policiais, resultando em 1.830 pessoas baleadas. O dado escancara mais uma vez a política de extermínio utilizada pela segurança pública na Bahia. O retrato da violência na região se completa com os dados sobre motivação e localização das vítimas: 71% das pessoas foram baleadas em Salvador e 57% delas foram vítimas de homicídio ou tentativa de homicídio.
Os números não só evidenciam os graves riscos que esse tipo de violência representa para a população de maneira geral, mas em especial para pessoas negras. Do total de pessoas atingidas, 1.848 eram negras e 112, brancas. Não foi possível identificar a raça de 3.042 pessoas. Entre as vítimas, os homens ainda são a maioria, com 4.515 registros. Também foram identificadas 408 mulheres baleadas, além de nove mulheres trans/travestis, um homem trans e 71 pessoas com gênero não identificado.
Feminicídio é terceira principal forma de homicídio em Salvador e RMS
Entre as análises dos assassinatos contabilizados nos últimos três anos, os dados de feminicídios chamam atenção, ocupando o teceiro lugar entre as principais formas de homicídios. Totalizando, 19 mulheres foram identificadas como vítimas de feminicídio e quatro sofreram tentativas.
O primeiro e o segundo lugar entre os homicídios correspondem respectivamente a 414 pessoas mortas em chacinas (eventos onde há três ou mais mortos civis em uma mesma situação) e 125 vítimas de “balas perdidas” – pessoas com nenhuma ligação, participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo. Vale lembrar que a classificação de “balas perdidas” adotada pelo Instituto não é utilizada pela política editorial da Revista Afirmativa, que acredita que essas pessoas baleadas são vítimas de uma política de extermínio do Estado.
O balanço geral dos últimos três anos aponta que entre as vítimas baleadas estão 35 crianças (sete mortas e 28 feridas), 167 adolescentes (126 mortos e 41 feridos), 52 idosos (33 mortos e 19 feridos) e 4.724 adultos (3.785 mortos e 939 feridos). Três fetos foram atingidos e mortos ainda no útero de suas genitoras.
Somente no dia 26 de junho deste ano, foram registradas sete vítimas de violência armada, cinco morreram e duas ficaram feridas
O Instituto Fogo Cruzado trabalha na produção e divulgação de números sobre a violência armada também no Rio de Janeiro, Recife e Belém. Os dados são do monitoramento em tempo real realizado pelo instituto, por meio de um aplicativo com banco de dados aberto. As informações podem ser acessadas gratuitamente por meio de uma API ou aplicativo disponível para Android e iOS.