Por Patrícia Rosa
A jovem trans Ray Pugliese foi presa no último domingo (27), em São Paulo (SP), e transferida para a ala masculina, mesmo tendo se identificado como uma mulher trans. Após o pagamento de uma fiança no valor de R$20 mil pelo crime de desacato à autoridade, ela foi liberada.
Em suas redes sociais, Ray fez uma declaração confirmando ter ofendido o policial, mas também relatou o medo que sentiu ao ser mantida em uma cela masculina e denunciou a violação de seus direitos.
“Eu fiquei numa delegacia local, presa com dois homens. Eu me senti muito mal e fiquei assustada. Nós, pessoas trans, temos direitos, somos mulheres. Desde que eu cheguei, o que mais fazem é piada com a situação, me atacar, usar meus dados mortos.”
Uma foto de Ray na delegacia, no momento da prisão, foi vazada. Nela, é possível identificar que no prontuário a jovem foi registrada no gênero masculino, sendo tratada como “detento” e tendo seu nome morto utilizado. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) declarou que não foram localizados registros sobre o caso.
A deputada federal Erika Hilton se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais, classificando a situação como um desrespeito à identidade de gênero e uma grave violação de direitos humanos. “O Estado não pode ser agente da transfobia. Exigimos respeito, dignidade e justiça”, escreveu.
De acordo com o Decreto nº 8.727/2016, pessoas trans têm o direito de serem tratadas de acordo com sua identidade de gênero ao serem detidas, incluindo o uso do nome social e a custódia em local compatível.