Por Catiane Pereira*
A megaoperação deflagrada pelas polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), se tornou a mais letal da história do estado. Até o início da noite, pelo menos 64 pessoas haviam sido mortas, entre elas quatro policiais. Outros oito agentes ficaram feridos e 81 pessoas foram presas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública.
Com mais de 2,5 mil policiais mobilizados, blindados, helicópteros e drones, a Operação Contenção tinha como objetivo cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV), mas transformou os dois complexos de favelas em um cenário de guerra. Segundo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o número de mortos supera em mais que o dobro a operação do Jacarezinho, em 2021, que até então era a mais letal, com 28 mortes.

Impactos nas favelas e denúncias de abusos
Pelas redes sociais, moradores denunciaram violência policial, invasões domiciliares e destruição de casas. Vídeos publicados pelo jornal Voz das Comunidades mostram um policial invadindo uma residência e prendendo uma mulher de forma truculenta. Em outro registro, uma moradora aparece com o imóvel parcialmente destruído e manchas de sangue no chão.
A operação também afetou profundamente a rotina das comunidades. Ao menos 46 escolas municipais e 11 unidades de saúde interromperam o atendimento para proteger alunos, profissionais e pacientes. As universidades UFRJ, Uerj e UFF suspenderam as aulas, e a Fiocruz encerrou as atividades mais cedo. O transporte público foi igualmente afetado: mais de 100 linhas de ônibus tiveram trajetos alterados e veículos (como ônibus, carros e caminhões de lixo) chegaram a ser usados como barricadas.
A letalidade da operação reacendeu o debate sobre o modelo de segurança pública adotado no Rio de Janeiro, especialmente nas favelas. Organizações de direitos humanos e movimentos sociais, criticaram a dimensão da operação e o impacto sobre a população civil, afirmando que “a perda massiva de vidas reitera o padrão de letalidade que caracteriza a gestão de Cláudio Castro (…) responsável por quatro das cinco operações mais letais da história do Rio de Janeiro”.
*Com informações de Notícia Preta, G1 e Extra

