Por Késsia Carolaine
O 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na última segunda-feira (3), revelou a disparidade salarial entre mulheres e homens. Segundo o documento, as mulheres ganham 21% a menos que os homens, mesmo em funções semelhantes. A disparidade se acentua ainda mais quando se trata de mulheres negras: em comparação ao salário dos homens brancos, essa diferença sobe para 53%.
A pesquisa faz parte da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Para o levantamento, foram analisadas 54 mil empresas com mais de 100 empregados, entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025. Enquanto a remuneração média de mulheres foi de R$3.908, a dos homens ficou em R$4.958. Essa diferença fica mais evidente ao comparar especificamente o salário de mulheres negras com o dos homens brancos. Enquanto as mulheres negras ganham, em média, R$2.986, o salário dos homens brancos é de R$6.391.
Desde que o primeiro relatório foi divulgado, a desigualdade salarial entre homens e mulheres vem aumentando. Em março de 2024, quando a primeira edição foi publicada, a diferença era de 19,4%; em setembro de 2024, esse número subiu para 20,7%. Em abril deste ano, a porcentagem chegou a 20,9% e, agora, alcançou 21,2%.
Avanços em políticas de diversidade
A pesquisa também revela avanços nas políticas de diversidade. Desde 2023, o número de empresas com pelo menos 10% de mulheres negras em seus quadros aumentou de 29 mil para 35 mil.
No entanto, além da disparidade do salário entre mulheres negras e homens brancos, o estudo também revelou que, quando se trata da contratação e promoção dessas mulheres e de mulheres com deficiência, essas políticas não são igualitárias e inclusivas. A política de promoção de mulheres aparece em 38,9% das empresas, porém, enquanto o incentivo à contratação de mulheres brancas é de 29,6%; para mulheres negras esse percentual cai para 23,1%; e chega a 19,7% para mulheres com deficiência, Especialistas alertam ainda que apenas essas ações não são suficientes para reverter o cenário histórico de desigualdade.
Disparidade entre os estados do Brasil
O estudo também levantou dados sobre as regiões do Brasil onde a disparidade de raça e gênero é maior. Os estados com as maiores diferenças salariais entre homens e mulheres são Paraná (28,5%), Rio de Janeiro (28,5%), Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%) e Espírito Santo (26,9%). Já os menores índices aparecem no Piauí (7,2%), Amapá (8,9%), Acre (9,1%), Ceará (9,9%) e Distrito Federal (9,3%).
Segundo técnicos do Ministério do Trabalho, o melhor desempenho dos estados nordestinos está relacionado a uma forte presença de políticas públicas voltadas para a inserção de mulheres negras no mercado de trabalho.


