As ações violentas ocasionaram na morte de um adolescente de 14 anos e deixa medo aos moradores das aldeias
Por Patrícia Rosa
Imagem: Apib Reprodução
O povo Pataxó do Território Índigena Comexatibá, situado na cidade Prado, sul da Bahia, sofre com uma sequência de atos de violência na região. Na noite desta terça-feira (07), homens armados atacaram as comunidades de Aldeia Pé do Monte e na Aldeia Nova. Através de uma postagem nas redes sociais a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) denunciou que os criminosos atiraram com armas de fogo contra o povo indigena.
“Os indígenas estão assustados e temem pelas suas vidas e de seus parentes. ‘Estamos cercados de pistoleiros e escondidos no fundo da minha casa. Eles estão atirando e tem muita criança aqui’, diz uma das moradoras’’, relatou a articulação. A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, também publicou uma denúncia.
A comunidade indigena local divulgou um áudio denunciando os atos de violência e pedindo socorro: “Nós estamos aqui em Aldeia Nova, estamos aqui cercados de pistoleiros atirando no fundo da minha casa. Eles estão querendo atacar a aldeia agora, estão aqui atirando, ajuda nós aí, pelo amor de Deus”, afirmou a moradora.
Um adolescente foi morto com um tiro na cabeça e outro jovem ficou ferido durante um ataque ao povo Pataxó
Gustavo Silva da Conceição, de 14 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça, durante um ataque à Aldeia Alegria Nova, localizada no Território Indígena Comexatiba Cahy Pequi, na cidade de Prado (BA), no último domingo(04). Outro garoto de 16 anos levou um tiro no braço, foi atendido e liberado.
De acordo com informações Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), os pistoleiros chegaram em um carro Fiat Uno, munidos por armas e bomba de gás lacrimogêneo e atiraram contra os habitantes da aldeia.
“Às 5h25 da manhã, os tiros começaram, foram quase dez minutos de tiros, muito tiro mesmo. Tinha muita cápsula de pistola, fusil, calibre 12, calibres intactos e deflagrados, bombas de gás lacrimogêneo, que é coisa de polícia. Foi um trabalho profissional”, declarou um representante do Território do povo Comexatiba ao Conselho Indigenista Missionário, o homem não foi identificado por questões de segurança.
De acordo com Agnaldo Pataxó, coordenador geral do Movimento Unidos dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), o órgão denunciou no mês de junho a expulsão de indígenas da fazenda Brasília, a propriedade está dentro de uma área já demarcada como território indígena.
“Desde aquela época pra cá é constante os ataques de toda região. Nós temos denunciado isso ao Ministério Público, a autoridade estadual e nacional. Eles vêm atacando várias aldeias do nosso povo. Infelizmente nesse ataque eles acabaram com a vida de um adolescente. Mas esses ataques são sistemáticos, é grupo organizado, não só aqui na Bahia, mas no país inteiro”, afirmou a liderança indigena. O coordenador do Mupoiba, ainda falou sobre a omissão da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal aos casos. :”Não tem investigado para impedir que nosso povo sofra esse massacre dessa maneira. Nós compreendemos que é necessário que a Polícia Federal, que a Funai assuma o comando dessas investigação e a responsabilidade da proteção ao nosso povo”, finalizou.