Texto: Divulgação
Entre os dias 1º de janeiro e 6 de outubro de 2025, mil mortes por armas de fogo foram registradas em Salvador (BA) e na Região Metropolitana (RMS), segundo relatório do Instituto Fogo Cruzado. Dentre essas mil vítimas, 508 (51%) eram pessoas negras, 21 (2%) brancas e 470 (47%) não tiveram a raça identificada. Ou seja, as pessoas negras representam 96% dos casos em que a raça foi informada. No marcador de gênero, 938 (94%) eram homens e 56 (6%) mulheres. O levantamento reforça que há um genocídio da população negra em curso no estado da Bahia e a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção da violência armada.
Dos casos registrados, as ações e operações da polícia baiana, a mais letal do Brasil, lideram com 451 mortes. Além da atuação da polícia, as principais causas de morte por armas de fogo são situações de roubo/tentativa com 60 vítimas, seguidas por 58 vítimas em disputas entre grupos armados, 27 em sequestros/cárcere privado, 20 em brigas e 109 em chacinas.
Houve ainda seis casos de feminicídio e sete vítimas de balas perdidas – o Instituto Fogo Cruzado utiliza a definição na qual “vítima de bala perdida” é uma pessoa que não tinha nenhuma ligação, participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil. A Revista Afirmativa na sua política editorial opta pela não utilização do termo.
A milésima morte registrada, entre os casos mencionados, ocorreu na manhã da segunda-feira (6) e foi a do adolescente Gabriel Silva, de 17 anos, após ter sido baleado na noite do domingo (5), durante a 15° Caminhada da Diversidade do Bairro da Engomadeira, em Salvador. Gabriel não foi o único adolescente que teve a vida interrompida por esse tipo de violência. A faixa etária das vítimas neste ano está dividida em: 954 adultos, 35 adolescentes, sete idosos, dois bebês ainda no útero da mãe e uma criança. Uma pessoa não teve a idade informada.
Em relação aos locais dos crimes, destaca-se que 91 pessoas foram mortas em residências, 30 em automóveis, 15 em bares, 11 durante eventos, quatro em barbearias, três em transportes públicos e duas em postos de gasolina. Só na capital baiana, foram registradas 700 mortes. O município lidera o ranking entre os 13 da região com o maior número de vítimas, seguido por Camaçari com 103 mortes e Dias D’Ávila com 48 mortes.