Aos 92 anos, Tiana é reconhecida como a travesti mais velha do Brasil

Sendo preta e travesti, ela desafia a expectativa de vida da população trans no Brasil e se torna símbolo de resistência 

Por Catiane Pereira

Reconhecida como a travesti mais velha do Brasil, Tiana, de 92 anos, tornou-se símbolo de resistência e dignidade em Governador Valadares (MG). Negra, de origem humilde, e primeira travesti a ter visibilidade em sua cidade, ela sobreviveu a décadas de exclusão social, violências familiares e transfobia institucionalizada. Hoje, sua história ganha reconhecimento nacional.

Segundo informações divulgadas no perfil da Associação Nacional de Travestis e Ttransexuais (Antra) nas redes sociais, uma pesquisa está em andamento para que Tiana seja registrada no Guinness Book como a mulher trans mais velha do mundo. A organização aponta ainda que, no Brasil, a expectativa de vida de travestis e mulheres trans é de cerca de 35 anos.

De acordo com a publicação, a trajetória de Tiana foi marcada por violências físicas e abusos financeiros dentro da própria família. Durante anos, ela trabalhou como lavadeira e faxineira para sobreviver, enfrentando a ditadura militar e um país hostil às identidades trans.

Nesta semana, a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Governador Valadares prestou homenagem à travesti de 92 anos, destacando a potência simbólica de sua existência. 

A história de Tiana ultrapassa os limites da representatividade. Ela é um farol de um futuro possível, onde pessoas trans e travestis possam viver com dignidade, acesso à saúde, segurança e longevidade. O reconhecimento a ela é também um lembrete: enquanto muitas ainda têm suas vidas interrompidas pela violência, algumas, como ela, seguem vivas e precisam ser celebradas em vida.

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