Por Elizabeth Souza
A Argentina protagonizou mais um episódio polêmico e controverso na esfera internacional ao ser o único país a votar contra uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que busca intensificar os esforços para combater a violência contra mulheres e meninas. 170 países se posicionaram a favor e outros 13 se abstiveram, como como Irã, Rússia, Coreia do Norte e Nicarágua.
A posição da Argentina, na última quinta-feira (14), é um retrato das ações políticas que permeiam o governo de extrema-direita de Javier Milei, presidente do país. Empossado na presidência em dezembro de 2023, Milei tem cumprido suas promessas de campanha assumindo um amplo compromisso com o avanço do conservadorismo e o desmonte da democracia e dos direitos humanos na Argentina.
Em poucos meses de governo, o atual presidente conseguiu desmontar políticas importantes de proteção ao público feminino, a exemplo do desmonte do Ministério das Mulheres e o corte de investimentos direcionados a esses grupos. Ações que vão na contramão das reais necessidades da nação sul-americana, tendo em vista o avanço nos casos de feminicídio, por exemplo.
De acordo com informações do Observatório Nacional Mumalá, acontece um feminicídio a cada 37 horas na Argentina. De janeiro a outubro de 2024, foram registrados 197 casos e 497 tentativas. Nesse sentido, o posicionamento adotado pelo presidente Javier Milei na ONU é parte de uma atuação que se apoia no discurso falacioso de combate à esquerda para propagar ideologia antidemocrática pondo em risco a vida da população argentina, especialmente grupos vulneráveis socioeconomicamente.
Antes, o país argentino já havia assumido outras posições antidemocráticas na ONU, como a que aconteceu no dia 11 de novembro, quando foi a única nação a votar contra resolução sobre direitos dos povos indígenas, 168 países declararam apoio à pauta, enquanto outros sete optaram por se abster. Além disso, Milei demitiu a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, após ela apoiar a suspensão do embargo comercial dos Estados Unidos contra Cuba.