Ato público em São Luís (MA) exige justiça um ano após o lesbocídio de Ana Caroline Campelo

Por Patrícia Rosa

Um ano se passou desde o brutal assassinato da jovem Ana Caroline Campelo, de 21 anos. A jovem lésbica, desfeminilizada, foi encontrada morta com sinais de tortura extrema, incluindo mutilações. O crime brutal aconteceu na cidade de Maranhãozinho (MA), na madrugada do dia 10 de dezembro de 2023. O acusado do crime é Eliseu Castro, conhecido como Bahia ou baiano, preso no dia 21 de janeiro do ano passado, na zona rural do município de Centro Guilherme (MA). 

O autor do crime segue em prisão preventiva. De acordo com informações do Levante Nacional contra o Lesbocídio, o júri popular está previsto para acontecer no segundo semestre de 2025, na Comarca de Governador Nunes Freire (MA). A primeira audiência do caso aconteceu em julho deste ano, a motivação ainda é desconhecida pela Justiça.

Na madrugada em que Ana Caroline foi assassinada, as câmeras de segurança mostraram que a vítima foi seguida por um homem em uma moto. O autor do crime confirmou à Polícia Civil do Maranhão ser ele o homem que aparece em imagens daquela noite. O Ministério Público do Estado do Maranhão denunciou o suspeito Elizeu Castro pelo crime de feminicídio, haja vista que a tipificação de crime de lesbocídio ainda não existe no Brasil.

“O caso é bem complexo e demonstra um problema estrutural de que as lésbicas no Brasil não estão seguras. Elas não têm perspectiva de vida, não têm lazer, estão presas em empregos inseguros como a Carol tinha, ela trabalhava demais e de madrugada, e isso colocou ela em alta vulnerabilidade”, declarou o Levante Nacional contra o Lesbocídio.

A representante do movimento denunciou que, neste um ano sem Ana Caroline, a família não teve assistência financeira nem emocional, contando com o apoio do movimento social para custear uma advogada para buscar a justiça pelo falecimento da jovem.

“O relato delas é que não tiveram auxílio estatal, nem indenização. Conversando diretamente com a família dela, eles disseram que não receberam visita, nem ligação de ninguém, nenhum tipo de auxílio, não foi visitada nem pelo prefeito ou governador, ninguém do Ministério Público falou com ela”, denunciou o Levante.

A Revista Afirmativa entrou em contato com o Ministério Público do Maranhão para falar sobre atualizações do caso, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

Dados da primeira etapa do LesboCenso Nacional: Mapeamento de Vivências Lésbicas no Brasil, referente ao período de 2021 e 2022, apontam que num universo de  22 mil mulheres lésbicas ouvidas em todo o território nacional, 78,61% delas relataram já ter sofrido algum ato lesbofóbico. 24,76% das entrevistadas disseram que já foram estupradas Em 75,13% dos atos de violência foram cometidos por pessoas conhecidas. 

Atos com pedido de justiça, em diferentes cidades do Brasil

O Levante Nacional Contra o Lesbocídio é um movimento que surgiu após o assassinato de Ana Caroline. O movimento convoca mulheres lésbicas  para atos pelo Brasil com o objetivo de exigir a continuidade do caso. Outros pontos das reivindicações são: A investigação de todos os lesbocídios ocorridos no Brasil, o apoio às viúvas, ex-companheiras e familiares das vítimas; implementação da Lei Luana Barbosa ao nível nacional; elaboração de um calendário nacional de enfrentamento ao lesbocídio e a tipificação do crime de lesbocídio.

Imagem: Ale Anselmi

Em São Luís do Maranhão (MA), o ato público acontece nesta quinta-feira (12), no Palácio dos Leões, no Centro de São Luís (MA), a partir das 19 horas. Durante a semana, outras atividades ocorrem em cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG). A agenda de mobilizações está disponível na página do Instagram da organização.

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