Baixo número de vereadoras na Bahia é convite para mudança de comportamento das(os) eleitoras(es) em 2024

Levantamento feito pelo Jornal Correio mostrou que há proporção de uma mulher para cada grupo de 10 homens vereadores eleitos nas principais cidades baianas

Por Elizabeth Souza

A maioria da população baiana é constituída por mulheres. É o que mostra dados do Instituto Brasileito de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Das 14,1 milhões de pessoas que moram no estado, 7,3 milhões são mulheres.  No entanto, o quesito maioria não se aplica quando o assunto é espaço político. Nas Câmaras Municipais das 20 maiores cidades baianas, há uma proporção de uma mulher para cada grupo de 10 homens vereadores, como aponta levantamento feito pelo Jornal Correio

Os números revelam que das 396 cadeiras disponíveis nas Casas Legislativas municipais, apenas 50 são ocupadas por mulheres. Dos 20 municípios consultados, três não contam com vereadoras no seu quadro de parlamentares, são eles: Simões Filho, Valença e Teixeira de Freitas. As cidades analisadas foram: Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, Juazeiro, Lauro de Freitas, Itabuna, Ilhéus, Jequié, Alagoinhas, Porto Seguro, Barreiras, Teixeira de Freitas, Simões Filho, Eunápolis, Paulo Afonso, Santo Antônio de Jesus, Luis Eduardo Magalhães, Guanambi e Valença. 

Cenário que pode ser mudado a partir deste ano, tendo em vista que no dia 6 de outubro será realizado o 1º turno das eleições municipais, onde eleitores e eleitoras irão escolher as próximas vereadoras/es e prefeitas/os de suas cidades. “Como é que a sociedade contribui para uma representação feminina maior? Votando em mulheres. Mas são qualquer mulheres? Não. São mulheres que precisam ouvir outras mulheres, acolher as demandas de outras mulheres”, avalia Laina Crisóstomo, co-vereadora pela 1ª mandata coletiva da capital baiana, a Pretas por Salvador, eleita no pleito de 2020.

“A gente contribui votando em mulheres, estimulando mulheres a serem candidatas, e quando elas decidem por isso, não devemos largar a mão delas. É necessário acolher, ser uma rede de apoio, de acolhimento e escuta”, completa. Em Salvador, das 43 cadeiras disponíveis na Câmara Municipal, apenas oito são ocupadas por mulheres, a maioria (6) mulheres negras. “É importante lembrar que dessas oito apenas duas são de esquerda, as outras seis fazem parte da bancada do governo municipal, que tem atuado no sentido de retirada de direitos”, destaca Laina. 

Levantamento feito pela Gênero e Número com apoio de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 53% das cidades brasileiras não elegeram mulheres negras para suas Câmaras Municipais em 2021, em um cenário onde elas representam o maior grupo demográfico do Brasil, representando 28% de toda a população, segundo o IBGE. Em 2020, 84.418 mulheres negras disputaram cargos de vereadora nas cidades brasileiras,  mas apenas 3.634 conseguiram se eleger, ou seja, 6% do total. 

Laina alerta para a falta de direitos que esse cenário de subrepresentatividade gera. “Isso se desdobra em políticas públicas, inevitavelmente acabamos sendo minoria no orçamento e no processo de decisão”, alerta, destacando a importância do voto consciente.

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