A escritora negra com a trajetória dedicada ao combate ao racismo ao povo negro, ocupa a cadeira de numero 40
Por Patrícia Rosa
Imagem: Delirium Nerd
Conceição Evaristo, aos 77 anos, é a nova imortal da Academia Mineira de Letras (AML) Eleita na noite da última quinta-feira (16), com 30 dos 33 votos, ela passa a ocupar a cadeira de número 40, anteriormente ocupada pela escritora Maria José de Queiroz, que faleceu aos 89 anos, em novembro do ano passado.
“A chegada de Conceição Evaristo à Academia Mineira de Letras, a par do reconhecimento de sua trajetória como professora, romancista e poeta, com justiça celebrada no Brasil e no exterior, tem também o sentido de impregnar esta casa com suas qualidades e história de vida”, diz Jacyntho Lins Brandão, presidente da Academia Mineira de Letras.
Em entrevista ao Jornal Minas Gerais TV, a imortal da AML falou da importância da participação, mas lembrou que é necessário lembrar que a sua trajetória é uma exceção.
“Eu não nasci rodeada de livros, nasci rodeada de palavras. Eu vim de uma geração anterior de grandes lavadeiras, de grandes babás e a vida me permitiu essas mudanças. Ao mesmo tempo eu fico muito feliz, mas está na Academia Mineira de Letras, eu não quero que seja entendido para fortificar o discurso da meritocracia”, diz Evaristo.
A autora é conhecida por suas obras que abordam a realidade das pessoas negras, com destaque para as mulheres negras e o combate ao racismo. Entre os livros escritos por Evaristo estão “Ponciá Vicêncio” (2003), “Becos da Memória” (2006), “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), “Olhos d’água” (2014) e “Canção para ninar menino grande” (2018).
Evaristo coleciona prêmios em sua carreira, como o Prêmio Camélia Liberdade (2007), Prêmio Ori (2007) e Prêmio Jabuti (2015). Em 2023, tornou-se a primeira mulher negra a receber o Prêmio Intelectual do Ano – Troféu Juca Pato.
Nascida na Favela do Pindura Saia, em Belo Horizonte, em 1946, Conceição Evaristo é filha de Joana Josefina Evaristo. Durante sua infância, trabalhou como trabalhadora doméstica. Nos anos 70, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.