Corpos encontrados em barco à deriva no Pará podem ser de imigrantes africanos

A embarcação encontrada no último sábado (13) pode estar associada ao crime de contrabando ilegal de imigrantes, de acordo com investigações preliminares da Polícia Federal.

Da Redação

A embarcação encontrada à deriva no Pará no último sábado (13) pode estar associada ao crime de contrabando ilegal de imigrantes, de acordo com investigações preliminares da Polícia Federal. O barco foi encontrado por pescadores com nove corpos em estado avançado de decomposição na Baía do Maiaú, próximo à Ilha de Canelas, em Bragança, no nordeste do estado. A região fica a cerca de 215 quilômetros de Belém.

Especialistas estimam que correntes marítimas podem ter levado o barco da África até o litoral paraense, uma viagem que pode ter levado pelo menos seis meses.

Os corpos foram enviados para o Instituto Médico Legal (IML) em Belém. Oito das vítimas estavam dentro do barco, e um nono corpo foi encontrado na água, nas proximidades da área onde estava a embarcação.

Ao G1, o superintendente da PF no Pará, José Roberto Peres, informou que foram localizadas no barco diversas capas de chuvas idênticas, “o que demonstra que há uma organização por trás disso”. Segundo a investigação, pode se tratar de uma organização que contratou o barco e vendeu as vagas.

“As capas de chuvas trazem indício forte de que há uma organização criminosa que se enriquece com a tragédia humana da imigração ilegal”, disse.

O superintendente informou ainda que, na fase inicial das investigações, cada corpo é identificado e então, através da Interpol, são analisadas listas de desaparecidos, de pessoas reclamadas de outros países.

A perícia ainda precisa determinar a causa da morte e estimar há quanto tempo as vítimas morreram, a partir de um protocolo de identificação de vítimas de desastres da Interpol (DVI). Serão analisadas amostras de DNA, digitais e a arcada dentária. 

Documentos e objetos que estavam no barco levam a investigação a acreditar que as pessoas eram da Mauritânia e do Mali, na África. Mas não se descarta que haja pessoas de outras nacionalidades. O ponto de partida do barco ainda está sendo investigado. De acordo com a Marinha, ele é feito de fibra de vidro e tem apenas 13 metros de comprimento. Além disso, não tinha motores, leme ou sistemas propulsores. As autoridades também não identificaram possíveis dados estruturais. 

A embarcação foi retirada da água na segunda-feira (15) por equipes da PF, Marinha e Corpo de Bombeiros, que a levaram ao posto da Polícia Científica em Bragança. O barco também vai ser periciado pela Marinha. Ainda não há previsão para a conclusão da identificação das vítimas.

Exames médico-legais estão sendo feitos pelas equipes do Instituto Nacional de Criminalística (INC) e do Instituto Nacional de Identificação (INI), em Brasília, para auxiliar na identificação das vítimas.

Imigração ilegal

Segundo a Organização Internacional para Migração (OIM) da ONU, a rota de migração África Ocidental-Atlântico é considerada uma das mais mortais do mundo. Só em 2022, foram 45 naufrágios e pelo menos 543 migrantes mortos ou desaparecidos. Os dados apontam que a maioria dos migrantes que fazem o percurso são de Marrocos, Mali, Senegal, Costa do Marfim e outras partes da África Subsaariana.

Normalmente, as tentativas de travessia são feitas em embarcações improvisadas e superlotadas, como botes de borracha, o que torna a viagem ainda mais perigosa.

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress