Beatriz Nascimento é a homenageada da Festa Literária das Periferias 2024

A programação anual da Festa Literária das Periferias vai promover formação de escritores, roteiristas, poetas quilombolas, indígenas, além de reunir vozes das periferias brasileiras e atlânticas, em debate com o G20

Texto: Divulgação

A historiadora, poeta, cineasta e intelectual sergipana Beatriz Nascimento, é a escritora homenageada da Festa Literária das Periferias-Flup em 2024. Nesta 14ª edição, o festival, declarado patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro, celebra uma obra que despertou outro imaginário brasileiro e que se desdobrou numa nova geração de intelectuais e escritoras que transformam o cenário cultural.

A escritora Conceição Evaristo e a filósofa Helena Theodoro abrem as homenagens no dia 11 de maio (sábado), na mesa “A noite não adormece nos olhos das mulheres”, mediada pela também escritora Bianca Santana. A programação é gratuita, e começa às 12h, no Circo Crescer e Viver, localizado na Praça Onze, Centro do Rio de Janeiro (RJ). 

“A palavra quilombo não existia como símbolo de estratégia e inteligência de sobrevivência, até Beatriz Nascimento”, explica Julio Ludemir, diretor-fundador da Flup. “Queremos que sua obra seja cada vez mais conhecida, mais lida, mais publicada, que chegue ainda mais longe”, ressalta. 

Ao homenagear Beatriz Nascimento, a Flup 24 traz o conceito de quilombo – agregação, comunidade, luta – como fundamento da sua programação anual. No ano em que o Rio de Janeiro recebe a cúpula do G20, o festival faz um diálogo entre periferias globais e movimentos transatlânticos, referência explícita ao “Eu sou Atlântica”, um dos versos mais emblemáticos da produção de Nascimento.

Beatriz Nascimento emprestou sua voz e sabedoria para o longa-metragem Ôri, dirigido por Raquel Berger, em 1989. O documentário fala da refundação do Brasil a partir de uma das formas de aquilombamento contemporâneos: os terreiros, espaços de culto das religiões de matriz africana. Por isso, a Flup vai promover no dia 11 (sábado), o debate sobre intolerância religiosa com a mesa “Deixa e gira girar”, que reunirá a yalorixá, escritora e matriarca do Ilê Asé D’Oluaiyè, Márcia Marçal e a socióloga, escritora e matriarca da Casa do Perdão, Flávia Pinto. A mediação é da cineasta pernambucana Natara Ney, que também é curadora da programação. 

As poetas Carol Dall Farra, Josi de Paula, Winona Evelyn e MC Martina fazem o Sarau Beatriz Nascimento no início de cada uma das mesas. Serão recitados poemas autorais e também poemas da homenageada da Flup 24. 

No centro das discussões sobre a obra de Nascimento, a Flup vai trazer a Rede Latino-Americana e Caribenha de Pesquisas sobre Feminismos de Terreiros – RELFET, uma rede de 100 mulheres acadêmicas negras, criada por Thaís Alves Marinho e Rosinalda Simoni. O grupo biografou outras 100 mulheres brasileiras negras, colocando em prática a máxima da intelectual: “é tempo de falar sobre nós mesmos”

A programação deve articular espaços periféricos na cidade, com a presença dessas intelectuais, para promover a escuta dessas histórias, infelizmente pouco conhecidas, e lançar o livro com as 100 biografias chamado “Dicionário Biográfico: Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas”. 

A programação conta ainda com o Pagode da Gigi, com uma roda de samba formada integralmente por mulheres, com a participação especial das cantoras Marcelle Mota e Nina Rosa. Nos intervalos, quem anima o público é a DJ Jess.

Formação de escritores, roteiristas e poetas quilombolas

O evento também marca a abertura das inscrições para a formação de escritoras e escritores “Yabás, Mães Rainhas”, que vai resultar no 31º livro lançado pela Flup. Serão sete encontros, em sete sábados consecutivos, em terreiros que cultuam cada uma das yabás: Iemanjá, Oxum, Obá, Iansã, Nanã e Ewá, incluindo a entidade feminina Pombagira. Os 50 participantes selecionados vão escrever contos a partir dos itãs, ou seja, os relatos míticos que envolvem essas importantes protagonistas da cosmologia afro-brasileira.

Em junho, a Flup inicia um outro processo formativo: o Slam de Quilombo, ecoando a obra de Beatriz Nascimento e homenageando o intelectual quilombola Nêgo Bispo. Participam 10 quilombos de 10 diferentes estados brasileiros, que receberão slammers experientes para dar oficinas de poesia e performance. Cada quilombo irá promover uma batalha de slam local. Os vencedores de cada estado viajam para o Rio de Janeiro, para a grande final, em novembro.

Em agosto, será lançada a oitava edição do Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para Audiovisual – Lanani. A parceria da Flup e a Globo já formou mais de 220 roteiristas nos últimos sete anos, renovando o mercado audiovisual brasileiro. São três meses de formação com dois encontros semanais, um para aulas sobre formatos narrativos e estruturas de roteiro audiovisual e o segundo para mentorias de discussão dos projetos individuais dos participantes. O objetivo é a produção de um argumento para audiovisual, seja filme, série ou novela.

Periferias 20 e o G20

Em 2024, a Flup propõe fortalecer o debate público sobre as principais questões das periferias – globais e brasileiras, no âmbito do encontro do G20, no Rio de Janeiro. Vozes nacionais e internacionais, representantes de periferias regionais, climáticas, raciais, étnicas e de gênero, se encontrarão em mesas de debates durante a programação, de 11 a 17 de novembro.

A Flup 24 é apresentada pelo Ministério da Cultura e Shell. Tem patrocínio master da Shell, patrocínio do Instituto Cultural Vale e Globo por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Ford. A Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura são parceiros. Realização: Suave, Associação Na Nave, Ministério da Cultura, Governo Federal.

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