Curta-metragem sobre ancestralidade e negritude brasileira  é premiado durante festival internacional, em Cuba

Do diretor brasileiro Alek Lean, o  filme "Como Matar uma Boneca" foi premiado no 18° Festival Internacional Cine Gibara, que aconteceu de 06 a 10 de agosto de 2024

Texto: Divulgação

Em Cuba, o cineasta brasileiro Alek Lean levou o prêmio de melhor curta-metragem de Ficção, com a obra “Como Matar uma Boneca”, concedido pelo Júri Jovem do 18° Festival Internacional Cine Gibara, na cidade de Havana. O filme também recebeu outros reconhecimentos nacionais e internacionais, como o Prêmio da Crítica de Melhor Roteiro no 1º Festival de Cinema de Xerém e o Prêmio de Melhor Curta de Conscientização Social na Índia (SIFF). Para o diretor do curta, as premiações contribuem com a valorizaçao do cinema negro brasileiro. 

O curta-metragem “Como Matar Uma Boneca”, que estreou no Brasil e em Portugal no final de 2023, aborda a história de “Senhora”, uma fotógrafa ambiental sensitiva que sente energias através de uma guia de Oxumaré que carrega no peito. Ao encontrar uma boneca na mata, ela resolve devolvê-la na casa mais próxima. Ao chegar no local, por  coincidência, se depara com a verdadeira dona da boneca, que apresenta comportamentos inquietantes referentes ao brinquedo. Com poucos diálogos, o filme usa símbolos e easter eggs para fazer críticas e reflexões sobre os anos recentes. 

“Este filme traz simbolismos relacionados com o passado e o presente. Referências como os grãos de café na cama da boneca, relacionados aos escravizados brasileiros que eram forçados a trabalhar no campo e a bandeira do Brasil rasgada e virada de cabeça para baixo, representando os extremistas brasileiros que usam a bandeira e sua crença religiosa para defender seus preconceitos contra as minorias”, detalha o diretor do filme, que integra a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN). 

“O filme também inverte os valores que sempre foram perpetuados nos filmes de horror em que a religião de matriz africana representava o mal. Uma verdadeira mensagem para que se denuncie as violências o mais rápido que puder, não sejamos omissos ou coniventes”, completa. 

O filme já foi exibido em festivais de cinema renomados em Hollywood (EUA), Bollywood (Índia) e Nollywood (Nigéria). Produzido pelo coletivo Experimental Filmes de São João de Meriti e gravado próximo à reserva biológica de Jaceruba, o curta envolveu profissionais majoritariamente negros da Baixada Fluminense e de regiões periféricas do Rio de Janeiro, com uma locação no meio da floresta.

Reconhecimentos

Além de premiado no 18° Festival Internacional Cine Gibara em Cuba, um dos eventos cinematográficos mais importantes do país caribenho, o curta-metragem “Como Matar uma Boneca” também venceu o Prêmio LabCurta – FUNARJ e teve seu lançamento internacional em Lisboa, no FESTin, considerado o Oscar do cinema de língua portuguesa, e no Festival Guarnicê de Cinema (Maranhão), um dos mais antigos e tradicionais do Brasil. O curta também foi escolhido para ser o filme de encerramento do Inside Nollywood International Film Festival & Awards (INIFFAA), um evento que celebra as realizações de mentes criativas africanas e cineastas de ascendência africana ao redor do mundo.

Diretor

Alek Lean, pedagogo, produtor, roteirista e cineasta, tem uma formação que inclui passagens pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro e Centro AfroCarioca de Cinema Zózimo Bulbul. Seus filmes já foram exibidos em mais de 50 países e receberam prêmios em festivais nos quatro continentes. Entre suas conquistas estão o Prêmio de Melhor Curta Internacional no Caribe, mais de 10 Menções Honrosas do Júri em festivais no Brasil, África e Europa, além do Prêmio Latinx21 em Los Angeles, EUA. 

Alek também é o idealizador do coletivo Experimental Filmes, focado em direitos humanos, e curador da Mostra de Cinema Curta Meriti. Em 2022, ganhou o Prêmio Orgulho da Diáspora Africana de Literatura na FLIDAM e, em 2023, o Prêmio Pretas Potências na categoria audiovisual.

Sinopse – “Como Matar uma Boneca”

Enquanto tira fotos, Senhora encontra uma boneca na floresta e a entrega na casa mais próxima para uma mulher. A fotógrafa usa um cordão de Oxumaré, que forma um elo entre o céu e a terra numa espécie de pedido de ajuda ancestral, ouvindo sussurros; enquanto a outra mulher se sente protegida por sua crença e branquitude. Uma história contada através de símbolos que representam marcas do passado, a atualidade e do poder da ancestralidade, quebrando estigmas e trazendo reflexões.

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