Por Jamile Novaes
O desabamento de uma mina de cobalto resultou na morte de 32 pessoas na República Democrática do Congo. O caso aconteceu no último sábado (15) na província de Lualaba, na região sul do país. Segundo as autoridades locais, o desabamento aconteceu após a queda de uma ponte que demarcava a área de mineração na localidade de Kalando.
O Ministro Regional do Interior, Roy Kaumba Mayonde, afirmou à agência de notícias AFP que a ponte caiu no momento em que trabalhadores a atravessavam. Ele afirmou ainda que o local estava interditado devido às fortes chuvas que atingem a região, mas que garimpeiros irregulares teriam entrado sem permissão.
O Congo é responsável por mais de 70% da produção mundial de cobalto – subproduto do cobre, utilizado na fabricação de baterias recarregáveis para veículos elétricos e outras tecnologias de energia renovável. Empresas como Tesla, Volkswagen, Mercedes-Benz e General Motors estão entre as principais consumidoras desse mercado que expõe os trabalhadores a condições subumanas e degradantes.
Segundo pesquisa realizada pelo Rights and Accountability in Development (RAID) e a African Resources Watch (AFREWATCH), a produção do mineral no sul do país aumentou 600% durante as últimas três décadas, impulsionada pela demanda global de produção de energia limpa. No entanto, a alternativa que é apresentada ao mundo como uma solução “verde”, tem gerado graves danos ambientais e sociais para a população congolesa.
O relatório da RAID e AFREWATCH revela que a contaminação da água na região tem gerado prejuízos à produção agrícola e comprometido a segurança alimentar de centenas de milhares de pessoas. A saúde reprodutiva das pessoas também vem sendo afetada, gerando problemas como menstruação irregular e problemas congênitos.
O levantamento identificou ainda 14 “incidentes tóxicos significativos” causados por cinco grandes minas da região durante os últimos anos, como rompimentos de barragens de rejeitos e derramamentos de ácido, que levam os moradores a realizar o processo de limpeza de forma inadequada.
O recente desabamento em Kalando reforça as críticas ao modelo de exploração de energia limpa, que cresce sob a falta de regulação e altos riscos para os trabalhadores. Sem fiscalização efetiva e compromisso com a garantia de direitos, a cadeia da “energia limpa” segue operando às custas do povo congolês.


