Em 2022, quase 70% das crianças e adolescentes negras brasileiras enfrentaram restrições de direitos básicos

Os dados são do novo Relatório sobre Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil da UNICEF

Os dados são do novo Relatório sobre Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil da UNICEF

Por Karla Souza

Imagem: Freepik

Em 2022, 68,8% dos menores de idade negros enfrentaram restrições em relação aos direitos básicos, enquanto entre os brancos, a taxa foi  de  48,2%. Os dados são do novo relatório “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil” lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no dia 10 de outubro.

A pesquisa informa ainda que, a pobreza na infância vem diminuindo gradativamente em suas diversas formas, mas a taxa analfabetismo entre crianças com 7 anos duplicou no período de 2019 a 2022, no Brasil. O estudo foi realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual dos anos 2016 a 2022.

De maneira geral, o percentual de meninas e meninos em situação de pobreza multidimensional diminuiu de 62,9% em 2019 para 60,3% em 2022, o que equivale a 31,9 milhões de crianças e adolescentes brasileiros privados de um ou mais direitos. Entre as privações analisadas, destaca-se o declínio recente na educação. A proporção de crianças de 7 anos de idade que não sabem ler e escrever aumentou de 20% para 40% entre 2019 e 2022, o que ressalta a urgência de políticas públicas coordenadas em nível nacional, estadual e municipal para combater essa situação.

Além de mapear as múltiplas dimensões da pobreza, como alimentação, renda, educação, moradia, água, saneamento e informação, o estudo analisa por estado e cor/raça e categoriza as privações em intermediárias (acesso ao direito de maneira limitada ou com má qualidade) e extremas (sem nenhum acesso ao direito) de acordo com critérios como faixa etária, dados disponíveis e legislação do Brasil.

Desigualdades Regionais 

Há uma gritante disparidade regional quando se trata de pobreza. Em 2022, quatro dos 27 estados do país tinham mais de 90% das crianças e adolescentes enfrentando privações em relação aos seus direitos fundamentais. Todos esses estados estavam localizados nas regiões Norte e Nordeste, sendo eles Pará, Amapá, Maranhão e Piauí. Em contraste, apenas nos estados do Sudeste e no Distrito Federal observamos porcentagens de crianças e adolescentes com privações inferiores a 50%, sendo que somente dois deles ficaram abaixo de 40%, São Paulo e o Distrito Federal.

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