Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul completa 15 anos

Memória, incentivo, visibilidade. Essas são as propostas do Encontro de Cinema Negro, que completa 15 anos de existência divulgando a produção de filmes de artistas pretos.

De 18 a 24 de outubro, diversos cinemas no Rio de Janeiro (RJ) receberão 150 filmes com temáticas queer, masculinidades negras, olhares sobre infâncias negras, meio ambiente & subjetividades, entre outros

Texto e imagem: Divulgação

Memória, incentivo, visibilidade. Essas são as propostas do Encontro de Cinema Negro, que completa 15 anos de existência divulgando a produção de filmes de artistas pretos. Criado pelo diretor e ator Zózimo Bulbul, falecido em 2013, o evento comemora o aniversário com mais um Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. De 18 a 24 de outubro, as telas do Cine Odeon, Centro Cultural Justiça Federal, Estação Net Rio e Estação Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), receberão 112 filmes nacionais e 38 internacionais, entre longas, médias e curtas de diversos eixos narrativos. 

Serão filmes com temáticas queer, masculinidades negras, olhares sobre infâncias negras, meio ambiente & subjetividades, entre outros. Entre os selecionados, 46 foram dirigidos por mulheres e 10 por pessoas queer. O evento promove ainda atividades formativas, lançamento do livro “Empoderadas Narrativas Incontidas do Audiovisual Brasileiro”, de Renata Martins, master class, debates e pitching.

“Os 15 anos do Encontro serão uma grande celebração, mas principalmente a divulgação de uma ação política, que demonstra o êxito de resistência e luta desde sua criação.”, afirma Biza Vianna, viúva de Zózimo Bulbul. “Este evento é fruto de muitas conquistas, mas também de muitas frustrações em decorrência da invisibilidade da cultura negra na sociedade brasileira e da falta de espaço para o protagonismo negro em todos os segmentos do audiovisual, gerados pelo racismo estrutural que ainda vivemos em nosso país”.

Dentre os filmes internacionais, estão “The Gravedigger’s Wife”, indicado ao Oscar e vencedor do maior prêmio de ficção do FESPACO (Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou) e “Garderie Nocturne”, vencedor do maior prêmio de documentários do FESPACO. Também será exibido o filme jamaicano “Jonkonnu Nunca Morre”, que recebeu menção honrosa no Short Cannes. A programação abre caminhos às potências diversas desenvolvidas no cinema negro contemporâneo, com salas de exibição de tema livre. 

O filme nigeriano “Egungun (Masquerade)”, que será exibido no Encontro, foi dirigido pela cineasta Olive Nwosu e selecionado para o African Film Festival New York e para o Programa de Curtas do festival Sundance.

O Encontro do Cinema Negro tem por finalidade a promoção da cultura afro-brasileira e de seus artistas, além de elaborar projetos e ações que visem à realização permanente de atividades culturais. Seu foco é a valorização das produções cinematográficas brasileira, africana e caribenha, como um ato social de transmissão de sabedoria, formação técnica e artística, profissionalização e inclusão no mercado de trabalho. 

Programação: afrocariocadecinema | Instagram, Facebook | Linktree

Sobre Zózimo Bulbul

Zózimo Bulbul iniciou sua carreira em meados dos anos 1960 e despontou como ator nos anos do Cinema Novo, tendo atuado em filmes muito importantes na história do Cinema Brasileiro e trabalhado com grandes diretores, como Glauber Rocha, Leon Hirszman, Cacá Diegues e Antunes Filho. Zózimo trabalhou em aproximadamente 30 filmes como ator e foi o primeiro protagonista negro de uma novela brasileira, fazendo par romântico com Leila Diniz em “Vidas em conflito”, de 1969, na extinta TV Excelsior.

Insatisfeito com a condição reservada aos negros nas telas decidiu escrever e dirigir seus próprios filmes. Em 1974, dirigiu o curta-metragem em preto e branco “Alma no olho”, considerado uma das melhores obras da cinematografia afrodescendente. Em 1988, lançou o longa-metragem “Abolição”, que propunha uma reflexão crítica sobre a então comemoração dos 100 anos da abolição da escravatura. Dirigiu também inúmeros curtas, sempre com um olhar para o negro na sociedade brasileira: “Aniceto do Império” (1981), “Samba no trem” (2000), “Pequena África” (2002), entre outros.

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