Texto: Divulgação
A crise climática é uma preocupação global crescente, que atinge ecossistemas e sociedades ao redor do mundo. No entanto, suas consequências recaem de forma desigual sobre grupos em territórios vulnerabilizados, onde mulheres negras, quilombolas e periféricas enfrentam os impactos de maneira desproporcional.
Em resposta a essa realidade, o UMOJA – Encontro de Mulheres Negras Quilombolas e Periféricas pela Resiliência Climática e Bem Viver, vai reunir nos dias 29 e 30 de novembro, em Cachoeira, recôncavo da Bahia, lideranças, ativistas, acadêmicas, jovens e mais velhas de comunidades quilombolas e periféricas, interessadas em espaços de diálogo sobre os impactos das mudanças climáticas.
Embora as comunidades tradicionais estejam entre as áreas mais conservadas no Brasil, 98,2% dos quilombos estão ameaçados por obras de infraestrutura, mineradoras e sobreposições de imóveis particulares, como mostra um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
É a população negra a mais afetada pelas ondas de calor. Nas periferias, são os mais atingidos pelas inundações por falta de sistema de drenagem adequado; saneamento precário; insegurança hídrica e energética; ilhas de calor em decorrência da concentração de concreto e a ausência de áreas verdes; e até mesmo perda de suas casas devido a eventos climáticos extremos.
Realizado pela Associação Rede Elas Negras Conexões (AREC), o UMOJA visa debater alternativas de Bem Viver sustentável a partir das práticas e saberes tradicionais; a relação entre justiça climática e questões de gênero e raça; o fortalecimento da resiliência comunitária; e o fomento a redes de apoio e aprendizado entre mulheres que enfrentam desafios semelhantes.
Se são as mulheres negras as principais vítimas desses fenômenos, agravados pela ausência do poder público, são elas também que estão liderando a resposta a esse cenário.
“O Encontro UMOJA tem essa missão para cumprir. Reunir mulheres negras, quilombolas, periféricas, lideranças que estão nas suas comunidades, no fronte de luta. Vamos construir um documento, para ser utilizado durante as nossas agendas de 2025, principalmente a Marcha Nacional das Mulheres Negras e a COP30”, explica Pamela Batista, coordenadora executiva da Associação, que reforça que durante o evento haverão momentos de autocuidado. “Porque se cuidar e desacelerar também é necessário.”
Programação
As atividades do sábado (29), primeiro dia de encontro, terão início com um Coffe Break até às 9h, seguido pela Mesa de Abertura com lideranças negras quilombolas e periféricas. A programação do dia inclui um tour no Convento Santo Antônio; a organização de Grupos de Trabalho para Construção Coletiva da Carta Umoja; além de um momento de vivência com produtores locais, com uma visita à horta quilombola em Santiago do Iguape, guiada por Edson Falcão, liderança da comunidade.
Para o segundo dia, estão reservadas palestras sobre “Educação antirracista e práticas comunitárias pela emergência climática e combate ao racismo ambiental” e “Feminismos em Debate: Reflexões sobre a Organização do Movimento de Mulheres Negras em Salvador (1978 a 1997)”. Além de um Circuito Expositivo de produtos Artesanais e Agroecológicos na Galeria da Entrada do Convento Santo Antônio.
Os dias de encontro ainda serão permeados por performances e momentos culturais com a Banda Mulheres Percussiva, o Grupo de Dança Afro Pulo do Negro, o Samba das Pretas, a Roda de Capoeira Grupo Tradição Quilombola e o Samba de Roda Geração do Iguape.
Sobre a Associação Rede Elas Negras Conexões
Fundada em 2007 na comunidade quilombola da Bacia e Vale do Iguape, no recôncavo baiano, a AREC surgiu para enfrentar as opressões sofridas por mulheres negras quilombolas, periféricas e jovens LGBT+. Formalizada em 2023, a organização atua em educação, saúde, agroecologia e justiça social, com foco na preservação ambiental e no combate ao racismo ambiental.
Entre os projetos principais, o OMI WA – Nossas Águas capacita mulheres quilombolas, marisqueiras e pescadoras na defesa dos recursos hídricos e preservação dos manguezais. A AREC também lidera iniciativas de segurança alimentar, como o Amor no Prato, e mantém parcerias com instituições como Fundo Agbara, Coletivo Filhas do Vento, TikTok, Fundação Tide Setúbal, ECAM, Consulado da Mulher e a Embaixada da França no Brasil.
A AREC segue firme no fortalecimento das mulheres negras quilombolas e periféricas, promovendo o bem viver e a resiliência climática.
Saiba mais sobre a organização aqui.