Com o incentivo do Funcultura, monólogo escrito e atuado por Odailta Alves ganha nova roupagem e se apresenta em escolas de todas as regiões do Estado.
Texto e Imagem: Divulgação
Desde a última terça-feira (2), escolas da Rede Pública da região metropolitana ao sertão pernambucano estão recebendo o Espetáculo Clamor Negro. As primeiras instituições a receber a apresentação foram a EREM Joaquim Lira, no município de Aliança, e a EREM Manoel Gonçalves de Lima, em Cumaru.
Nesta sexta-feira (5), o Espetáculo chega na Escola Vigário Pedrosa, no município de Escada, e na EREM Professor Candido Duarte, em Recife, capital do estado. As últimas apresentações acontecem no dia 22 de maio, na EREM José Pereira Burgos, no município de Custódia, e na EREFEM Arnaldo Alves Cavalcanti, em Tabira.
“Essa circulação configura-se também como um processo formativo antirracista, compreendendo que é por meio de formação e sensibilização que conseguiremos de fato construir uma sociedade menos violenta para a população negra, e a escola é um dos espaços principais nessa construção”, afirma Odailta Alves.
No mês da “Abolição”, espetáculo provoca reflexões nas escolas
O Espetáculo foi criado em 2017 com base em um livro homônimo da professora Odailta Alves, Clamor Negro, e ganhou nova direção de Agrinez Melo para fazer apresentações para estudantes da Rede Pública de Pernambuco durante o mês de maio.
O objetivo é seguir provocando reflexões sobre a situação do negro no Brasil, em especial das mulheres negras. Sobretudo, no período do ano marcado pelo aniversário da assinatura da Lei Áurea, em que é atribuído à Princesa Isabel a liberdade negra e o fim da escravidão no Brasil. O roteiro de Clamor Negro interliga fatos históricos com questionamentos que acompanham as diferentes gerações do Movimento Negro.
Clamor Negro
O espetáculo é um monólogo de oito atos que mistura poesia, música, dança e teatro para refletir sobre as questões raciais. Nessa edição, Clamor Negro conta com a participação da cantora e compositora Isaar e da dançarina Darana Costa que costuram com a musicalidade e dança os atos do espetáculo, compostos por poemas e crônicas autobiográficas e uma trilha sonora escrita em conjunto por Odailta e Isaar. Todo o espetáculo conta com interpretação para Língua Brasileira de Sinais, por Joselma Santos.
Enquanto ferramenta de arte-educação, Clamor Negro já foi exibida em Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Bahia para mais de 5 mil pessoas em públicos distintos. É importante lembrar que o Brasil além de ter sido o último país das Américas a abolir a escravidão, desde 2003 conta com legislações que tornam obrigatórias o ensino da história e cultura africana nas escolas e que sofrem forte resistência do conservadorismo de muitos professores e gestores pedagógicos que refletem a resistência de grande parte da sociedade.
Érika Gonçalves assina a produção da peça com auxílio de Sophi William e Mayara Barbosa assume a produção de mídias. Toda a equipe é formada por mulheres, em sua maioria negras. A apresentação é exclusiva para os estudantes, professores, gestores e funcionários e convidados das escolas.