Evento de apresentação do Projeto Àwúre fortalece laços entre Recôncavo da Bahia e Salvador

Encontro reuniu importantes personalidades das comunidades tradicionais dos 10 municípios atendidos pelo projeto

Por Udinaldo Júnior

Na manhã da última quinta-feira (11) foi realizado, remotamente, o evento de apresentação do Projeto Áwúre Bahia, que atenderá nove municípios do Recôncavo da Bahia e Salvador. Apresentado por Luis Carlos (20) e Izabel Oliveira (19), dois jovens de Cachoeira (Ba), cidade da região, o encontro contou com apresentações musicais, contribuições valiosas de membros das comunidades tradicionais e quilombolas, além da presença de gestores e representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF), do Instituto Aliança e da Plan International – organizações gestoras da iniciativa.

O jovem cachoeirano Luís Carlos foi um dos apresentadores

A proposta do lançamento foi apresentar para as comunidades, redes de jovens e adolescentes e organizações do poder público local e estadual, as ações já realizadas no programa, como os encontros de parceria com os gestores municipais. Além das ações que serão realizadas ao longo dos próximos meses: como a pesquisa que tem levantado as percepções sobre racismo, sexismo e intolerância religiosa na região; e as formações políticas com adolescentes, jovens, lideranças comunitárias e profissionais da gestão municipal – todas sendo realizadas pelo Instituto Aliança (IA).

Ao apresentar as cinco áreas de atuação do Áwùre e os planos das formações, a diretora do IA Ilma Oliveira ressaltou que “a maior oportunidade desse programa é a atuação conjunta com as comunidades”. Durante o evento, a participação ativa dos mais de 300 inscritos, dos 10 municípios atendidos, evidenciou a promissora relação entre o projeto e a comunidade reconvexa.

Ilma Oliveira, diretora do IA

Consciente do momento atual delicado no recôncavo baiano em relação ao aumento dos índices de violências, Maria José Pacheco (Conselho Pastoral dos Pescadores), afirmou que “o projeto chega num momento muito importante por conta do nível de violência que está atingindo adolescentes e jovens dessa região. Estes jovens merecem outras perspectivas, outro futuro. O modo de vida destas comunidades é tradicional e merece respeito. O projeto é desafiador, necessário e espero que os municípios acolham esta proposta, junto ao poder público e a sociedade civil”. Em sintonia com Maria José, o jovem cachoeirano mestre de cerimônia do evento Luis Carlos entende “que jovens que vem de um contexto social igual ou parecido com o meu irão se beneficiar muito com o que o projeto irá proporcionar e contribuir na sua vida”.

Maria José Pacheco (Conselho Pastoral dos Pescadores)

Em um gesto de saudação ao grupo, o líder quilombola da Bacia do Iguape (Cachoeira – Ba) Ananias Viana, alertou sobre a importância da troca e do diálogo mais próximo com as práticas locais, ao levar em consideração que existem “várias ações acontecendo dentro das comunidades quilombolas, dentro dos terreiros”, convidando os participantes a “investigar o que já existe, o que está dando certo, e que pode ser uma fortaleza para fortalecer as ações desse projeto”.

Ananias Viana, líder quilombola da Bacia do Iguape (Cachoeira – Ba)

O Àwúre segue com ações de enfretamento ao racismo, sexismo e intolerâncias religiosas, e de prevenção às violências às crianças, adolescentes e jovens negros; com destaque à Formação Àwúre – Comunicação e Direitos Humanos, destinada a adolescentes e jovens de 16 a 20 anos, e que segue com as inscrições abertas até o dia 21 de fevereiro no link: https://bit.ly/371QAxx

SOBRE O ÀWÚRE

O projeto Àwúre é uma iniciativa nacional realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), o Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e conta com o apoio e parceria técnica do Instituto Aliança e da Plan International para as ações no Recôncavo baiano e em Salvador.

Atuando na região desde o ano passado, a iniciativa se dedica a fortalecer social e economicamente grupos  mais vulneráveis do ponto de vista socioeconômico, oriundos de populações tradicionais e originárias em todo o território nacional, como as comunidades quilombolas, de terreiros, indígenas, juventude negra, periféricas e de comunidades LGBTQIA+.

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