Ex-policiais rodoviários federais responsáveis pelo assassinato de Genivaldo de Jesus são condenados

O júri durou 12 dias, os três réus foram condenados a penas de 23 a 28 anos de reclusão

Por Patrícia Rosa

Após 12 dias de julgamento, a justiça de Sergipe condenou os três ex-policiais rodoviários federais, William de Barros Noia, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e Kleber Nascimento Freitas pelo assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos. Durante uma abordagem policial em 25 de maio de 2022, Genivaldo foi asfixiado e morto.

Paulo Rodolpho Lima Nascimento, que chegou depois da abordagem, jogou uma bomba de gás e segurou a porta da viatura onde Genivaldo foi colocado, recebeu a condenação de 28 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado. Já William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas foram condenados a 23 anos, um mês e nove dias de prisão, cada um, por tortura seguida de morte.

William e Kleber receberam penas adicionais pelo motivo fútil, pela asfixia e pelas circunstâncias que impossibilitaram a defesa da vítima. Outro ponto agravante é que o crime foi cometido por agentes públicos e contra uma pessoa com deficiência. Cerca de 30 testemunhas foram ouvidas, entre elas parentes da vítima, peritos e especialistas.

Dias de dores, cansaço, angústia e esperança de que a justiça seja feita, esses foram os sentimentos de Maria Fabiana dos Santos, viúva de Genivaldo durante dois anos de espera e os 12 dias de julgamento. Fabiana ainda relatou a dupla violência em participar do julgamento.

“Diante de tantas provas, tantos vídeos, repetindo as mesmas coisas, falando que os vídeos são falsos, adulterados, vê que tem pessoas que ainda defendem aquela forma daquela abordagem. A gente não generaliza a polícia, a gente tá falando sobre aquela abordagem em si, sobre aquele fato ali, sobre a atitude daqueles três policiais”, declarou a esposa de Genivaldo.

O júri popular foi iniciado no último dia 26 de novembro, no Fórum da Justiça Federal em Estância (SE). Conforme o Ministério Público Federal, este foi o primeiro julgamento por júri popular realizado pela Justiça Federal em Sergipe em 21 anos. 

Com exigência de justiça, o Movimento Negro Unificado de Sergipe (MNU Sergipe), divulgou uma nota nas redes sociais. “Este caso expõe a brutalidade policial em um ato que remonta aos horrores do passado escravagista. Exigimos que a justiça seja feita. Genivaldo de Jesus Santos não pode ser apenas mais um número nas estatísticas de violência policial”, reivindicou o MNU.

A irmã de Genivaldo, Laura de Jesus Santos, disse ao Portal G1 que está satisfeita com o resultado do julgamento. “Foi um resultado satisfatório, embora a gente não fique feliz com a desgraça de ninguém. Acalma, mas felicidade não traz”, falou Laura.

Os três homens foram demitidos da corporação em agosto do ano passado e estão presos desde o mês de outubro de 2022.

Relembre o caso

Genivaldo, que tinha esquizofrenia,  pilotava uma motocicleta em Ubaúba (SE) e sofreu uma abordagem violenta da Polícia Rodoviária Federal. O homem foi rendido no chão por dois policiais, sob a mira de uma arma, e em seguida foi colocado em um porta-malas com gás lacrimogêneo. O IML confirmou que a vítima morreu de asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. 

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