Por Karla Souza
A família do jovem Brendo de Sousa dos Santos, 26 anos, assassinado na última sexta-feira (5) em Ubaitaba, no sul da Bahia, contesta a versão apresentada pela Polícia Militar. Os agentes alegam que o jovem reagiu à abordagem e morreu em confronto, enquanto a família afirma que ele foi jurado de morte pelos policiais e havia sido torturado junto com sua esposa grávida dois meses antes. Brendo trabalhava como guarda municipal durante a noite e como gerente de uma fazenda de gado durante o dia. Segundo sua mãe, Isaura Moreira, ele não possuía armas, não bebia e não usava drogas.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver Brendo momentos antes de ser assassinado, já rendido e sem oferecer risco aos policiais. As imagens, gravadas por uma testemunha que passava na rua no momento, também registram a vítima sendo abordada dentro de um carro e saindo rendida do veículo.
Isaura relatou ao Jornal Correio que a abordagem ocorreu por volta das 14h, mas a família só teve notícias do jovem depois das 17h, quando foi declarado morto em um hospital da região. Ela acusa a Companhia Independente de Policiamento Tático – RONDESP de ter invadido a casa de Brendo e torturado ele e sua esposa grávida, ameaçando que ele não veria sua filha nascer. Brendo foi sepultado na manhã de domingo (7) em Gongogi (BA).
O advogado da família, Walisson dos Reis, informou que pretende acionar a Corregedoria da Polícia Militar e o Ministério Público da Bahia. Ele argumenta que, pela posição da viatura nas imagens, os policiais militares estavam esperando por Brendo. A Polícia Civil, em nota, afirma que, conforme registrado na Delegacia Territorial de Ubaitaba, Brendo saiu do carro atirando contra as equipes e foi baleado no revide, sendo socorrido para o Hospital São Vicente de Paula, onde não resistiu.
A família de Brendo denuncia uma prática recorrente de execuções extrajudiciais na Bahia, onde indivíduos são capturados vivos e mortos posteriormente, com a alegação de confronto.