Texto: Divulgação
O Comitê Impulsor do Portal do Sertão para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver promove, neste sábado, dia 1º de novembro, a tradicional Feijoada das Pretas, no Miss Brown Café, em Feira de Santana (BA), a partir das 11h. O evento, que custa R$ 25, reúne samba, comida boa e solidariedade, com o objetivo de arrecadar recursos para as mulheres do território participarem da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontece no dia 25 de novembro, em Brasília (DF).
A professora doutora em História, integrante do Comitê, Karine Damasceno, afirma que a feijoada é mais do que uma atividade de arrecadação: é uma ação política que reafirma a autonomia e a força das mulheres negras na construção de um Brasil mais igualitário e plural. “Nós lutamos para conseguir ônibus, para garantir que o maior número de mulheres pudesse marchar sem custo. E entendemos que precisaríamos também garantir a alimentação da mulherada que viajaria de ônibus”, explicou.
A Caravana do Portal do Sertão, realizada em Feira em julho deste ano, foi um marco de articulação estratégica para a Marcha das Mulheres Negras. O encontro também reuniu mulheres negras de diversas cidades da região, como Tanquinho, Serrinha e Terra Nova, transformando o espaço em um ponto de aquilombamento político. A Caravana teve como objetivo central construir uma agenda coletiva e reforçar o coro que cobra do Estado a dívida histórica com a população negra.
“Foi um sucesso também como da primeira vez. Outras caravanas aconteceram antes da nossa e várias outras aconteceram depois e agora nós estamos a alguns dias da segunda edição da feijoada das pretas. Mais uma vez a ideia é arrecadar fundos para que as mulheres possam viajar e se alimentar durante a viagem de ônibus.”
Participante da primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, em 2015, Damasceno lembra o impacto histórico daquele processo. Naquele ano foram mais de 10 ônibus do Portal do Sertão com mulheres saindo em comboio rumo à Brasília. “O processo de construção da primeira Marcha foi um momento muito especial para que pudéssemos nos encontrar, e formarmos umas às outras para a luta contra o racismo, contra o sexismo, contra a violência e por Bem Viver.” Segundo ela, a mobilização foi um marco de conscientização política e de formação social da população.
A Feijoada das Pretas, realizada naquele ano, foi símbolo de resistência e solidariedade entre as mulheres do território e, nesta edição, elas pretendem repetir com ainda mais força. “A nossa feijoada cumpriu um papel também de animar, de empolgar a mulherada no estado para levantar fundos, para garantir que o seu grupo, o seu território pudesse viajar com alimentação garantida”, recordou Damasceno.
Agora, 10 anos depois, a iniciativa retorna ainda mais fortalecida. Para a professora, a atividade é um ato político de celebração da luta coletiva das mulheres negras. “Nós estamos construindo essa feijoada com um desejo de mais do que arrecadar recurso, celebrar a caminhada das mulheres de Feira de Santana, do Portal do Sertão do Território Portal do Sertão, dos outros territórios da Bahia celebrar a caminhada das mulheres negras em todo o Brasil. Agora, uma marcha global, vamos muito mais fortes.”
A edição de 2025 da Marcha tem como objetivo a lutar contra o racismo e a violência, reforçando a pauta da reparação histórica e a defesa do Bem Viver. A mobilização busca fortalecer a atuação política das mulheres negras, combater todas as formas de discriminação e promover justiça racial, reparação territorial e avanços em saúde, educação, trabalho, justiça climática e democracia. É pela vida das mulheres negras. Saiba mais aqui.


