Por Patrícia Rosa
No último dia 14 de abril o Piauí ganhou a primeira escultura de Iemanjá negra. Localizada na Avenida Marechal Castelo Branco, no Centro da capital Teresina, a imagem foi produzida pelo artesão Jean Pimentel. Porém, o que deveria ser um marco contra o racismo religioso, demonstrou o quanto ainda há um caminho longo e árduo a se trilhar. A imagem foi alvo de mensagens racistas e intolerantes nas redes sociais, além de ameaças de depredação. “Se eu passar por lá (ao vivo), eu derrubo esse desrespeito”, dizia um dos comentários.
Em meio aos ataques, uma denúncia foi registrada na Delegacia de Direitos Humanos. “Nós denunciamos os ataques racistas e intolerantes dessas pessoas. Infelizmente, o Piauí é um dos estados mais intolerantes. No ano passado, tivemos quatro terreiros queimados e até hoje, nenhum dos responsáveis foi sequer responsabilizado”, explicou ao Portal G1 o coordenador do Movimento de Matriz Africana, Pai Rondinele de Oxum.
É a primeira vez que a mãe das águas é retratada como uma mulher negra no estado. “Para a gente, é uma satisfação imensa, primeiramente, ter conseguido uma nova imagem. Segundo, que ela remete à origem continental de Iemanjá, que é o continente africano. É uma vitória, uma conquista de fato do movimento terreiro, de todos os povos da Matriz Africana do Piauí”, diz Valciãn Calixto, umbandista e presidente da Central Única das Favelas do Piauí.
Teresina é a única capital do Nordeste que não é banhada pelo mar, mas é rodeada por dois grandes rios, o Poti e o Parnaíba. A escultura de Iemanjá fica localizada às margens do rio Poti. A imagem anterior foi inaugurada no ano de 1980, onde Iemanjá era representada como branca e inspirada em Nossa Senhora dos Navegantes.