Por Catiane Pereira*
Na noite desta terça-feira (11), um grupo de manifestantes formado por indígenas e ativistas ambientais, tentaram entrar na Blue Zone (Zona Azul) da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA). O espaço é de acesso restrito e concentra as negociações oficiais e a circulação de autoridades de diversos países.
Os manifestantes, que participavam da Marcha Global de Saúde e Clima, seguiram em direção à área principal de credenciamento e forçaram a entrada no local. O grupo carregava faixas contra a exploração de petróleo e cartazes com frases para taxar bilionários e “é culpa deles que está quente”. Durante o ato, houve repressão de seguranças contratados pela ONU e presença de viaturas da Polícia Federal e ambulâncias no entorno.
A ação começou quando uma parte do grupo se separou da marcha principal e rompeu a barreira de segurança que cercava o Parque da Cidade, sede da conferência. Segundo relatos, indígenas do baixo Tapajós e jovens de movimentos estudantis realizaram um ritual tradicional antes de serem retirados do local por seguranças da UNFCCC, o braço da ONU responsável pela organização do evento.
A Blue Zone é uma área sob administração direta da ONU, onde manifestações só podem ocorrer com autorização prévia. Fora dela, a segurança é de responsabilidade do governo federal, que decretou Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reforçar o policiamento durante a COP30.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nota sobre o episódio, reafirmando que não coordenou a manifestação, mas defendeu o direito à livre expressão dos povos.
“Esta edição da COP ocorre em um país democrático, onde o direito à manifestação é garantido e respeitado. A Apib reafirma que o movimento indígena é amplo e diverso e que esta entidade não coordenou as atividades da referida manifestação”, afirmou a organização.
“Ao mesmo tempo, reitera o respeito ao direito de manifestação e à autonomia de cada povo em suas formas próprias de organização e expressão política”, acrescentou.
A entidade também ressaltou que mais de 3 mil indígenas, entre brasileiros e estrangeiros, participam da conferência em Belém, mesmo sem integrar oficialmente as negociações da ONU.
“Estamos aqui para continuar arrancando compromissos e reafirmando que a resposta somos nós”, concluiu a nota.
A COP30, principal encontro global sobre a crise climática, ocorre pela primeira vez no Brasil. O evento reúne representantes de 197 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e busca avançar nas metas de redução das emissões de gases do efeito estufa e nas políticas de transição energética.
*Com informações da Alma Preta e Folha de S.Paulo


