Texto e Imagem: Divulgação
A obra “Redenção”, uma videoinstalação que critica o projeto de branqueamento racial no Brasil, foi o único projeto brasileiro selecionado para a categoria competitiva de documentários imersivos do Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (IDFA). A obra é da diretora e documentarista Mariana Luiza.
O festival é considerado o maior na categoria no mundo e acontece entre os dias 10 a 19 de novembro. Durante todo o evento, a experiência imersiva ficará disponível na galeria de arte LND Studio, em Amsterdã. A obra é uma resposta poética e contra colonial ao quadro do pintor espanhol Modesto Brocos, “A Redenção de Cam (1895)”, considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento.
A pintura de autoria Modesto Brocos, tem como personagens uma avó negra, uma mãe mestiça, um pai branco e seu bebê de pele clara e foi exibida durante o Congresso Universal das Raças em Londres, em 1911, como um símbolo da ideologia de branqueamento racial no Brasil. Na ocasião, o país apresentou um projeto nacional que previa o extermínio dos negros da população brasileira em um período de um século ou três gerações para que o país se tornasse majoritariamente branco.
Mariana Luiza levanta o questionamento: “É possível redimir uma nação que queria exterminar a maioria de seu povo?”. A diretora conta que a sua obra se trata de uma resposta ao projeto de nação branqueada.
“Vamos construir um labirinto dentro da galeria de arte, onde vão ter dois vídeos. Um deles vai ser projetado em um espelho d’água, como em um lago. A ideia é que no final do labirinto, o espectador se depare com um espelho d’água. Mas, ao invés de sua imagem e semelhança, como o mito de narciso, o que ele vê é um videoarte que trata de forma poética rituais de resistência negra”, explica a roteirista.
Mariana é uma mulher negra, pesquisadora, roteirista e diretora. Em 2021 ela dirigiu dois episódios da série Enigma da “Energia Escura” , para a Lab Fantasma e a GNT. Em 2017, dirigiu o filme “Casca de Baobá” .
Assista ao trailer de “Redenção”. A diretora também foi convidada pelo festival para colaborar com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, por meio de projetos documentais para novas mídias