Por Jamile Novaes
O escritor Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021 pelo livro “O Avesso da Pele”, veio a público na última sexta-feira (22) para se posicionar diante da exclusão da sua conta oficial do Instagram. O perfil, que contava com mais de 80 mil seguidores, foi banido da rede social no mês de julho sob a alegação de que não se enquadrava nas diretrizes da plataforma.
Tenório afirma que fez diversas tentativas de contato com a Meta – empresa responsável pelo Instagram – mas não recebeu qualquer explicação sobre qual infração poderia ter motivado a decisão. Em nota publicada em um novo perfil criado pelo autor, que já conta com quase 20 mil seguidores, sua equipe jurídica denuncia que “a decisão acontece após uma sequência de ataques, ameaças e episódios de censura que o autor vem sofrendo desde 2021, muitos deles propagados justamente pelas redes sociais da própria Meta”.
A equipe afirmou ainda que tomará as medidas cabíveis para responsabilizar a empresa por reduzir o alcance do trabalho de Tenório e prejudicar a sua atuação profissional. “Trata-se de uma grave violação à liberdade de expressão e ao direito à comunicação”, conclui a nota.
Motivações políticas
À coluna GENTE, da Veja, o escritor contou que, poucos dias antes do banimento, fez uma crítica ao ex presidente Jair Bolsonaro e comparou-o ao presidente estadunidense Donald Trump. Ele acredita que a publicação pode ter causado um ataque em massa à sua conta, fazendo com que fosse derrubada. No entanto, a Meta ainda não deu retornos ou se pronunciou sobre o assunto.
Além de Tenório, outras figuras públicas do campo político progressista também tiveram suas contas derrubadas ou restringidas recentemente, como aconteceu com o historiador Jones Manoel, que somava mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. “A gente suspeita de motivações políticas, especialmente considerando a minha posição de criticar duramente o governo de Donald Trump e o papel das ‘big techs’ na política brasileira”, declarou Jones ao G1 Pernambuco. Além do Instagram, ele também teve sua conta do Facebook deletada e também não recebeu justificativas da empresa sobre a exclusão.
A conta da ex-deputada Manuela d’Ávila no Instagram também sofreu uma série de restrições após publicação de post em que associava a adultização das infâncias a Jair Bolsonaro e à extrema-direita brasileira. “Todos nós nos lembramos quando Jair Bolsonaro disse que ‘pintou um clima’. Quando associamos a pedofilia e a adultização das infâncias a Bolsonaro, recebemos proibições da Meta”, afirmou em vídeo publicado na rede social.
A Manuela, a Meta sinalizou que as limitações eram uma “medida de segurança” e a publicação foi retirada do ar sob a alegação de se tratar de conteúdo que remete à “exploração sexual”. Ela foi impedida de realizar lives e criar anúncios por um mês e de enviar mensagens por três dias.