Por Patrícia Rosa
A Polícia Militar da Bahia fez mais uma vítima negra em uma de suas ações. A estudante Ana Luíza Silva dos Santos, de 19 anos, foi brutalmente assassinada na tarde deste domingo (13), após ser atingida por um disparo durante uma ação policial no bairro da Engomadeira, em Salvador (BA). O caso ocorreu durante uma operação de agentes da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM).
Na ocasião, a jovem voltava da casa de uma amiga quando foi atingida na barriga. Um vídeo do momento em que os policiais levavam a jovem ferida para a viatura foi gravado por moradores. Na gravação, é possível ver um policial lançando uma bomba de gás contra pessoas que protestavam contra a ação. Um homem que testemunhou a cena gritou: “Ele vai jogar bomba de gás na comunidade aqui! Olha o que eles fazem, isso aí… Baleou a menina!”
A jovem foi levada para o Hospital Roberto Santos, mas não resistiu aos ferimentos. Uma moradora, que não teve o nome divulgado, falou à reportagem da Band Bahia que estava em um estabelecimento do bairro quando os policiais chegaram atirando.
“A polícia matou a menina, não teve troca de tiro nenhuma. A Engomadeira estava cheia de crianças no final de linha e pessoas no bar se divertindo no domingo. Eu estava sentada no estabelecimento e vi a polícia vindo com tudo, uma guarnição com três policiais dentro, quando passou da padaria eles começaram a atirar pro lado da Baixa de Nanã”, disse a moradora. A jovem cursava o terceiro semestre do curso de Estética.
Na versão já padrão que a Polícia Militar costuma emitir, agentes da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) faziam rondas de rotina na Rua de Nanan, no final de linha do bairro, quando teriam sido surpreendidos por disparos de arma de fogo efetuados por um grupo. Foi alegado que os policiais reagiram à ação dos suspeitos, que conseguiram evadir do local. Versão contestada pelos moradores e testemunhas. A corporação informou ainda que os policiais envolvidos na ação, não usavam as câmeras corporais.
“A 23ª CIPM utiliza as câmeras corporais. Entretanto, a guarnição que atendeu à ocorrência integra o pelotão que ainda não está sendo contemplado com a utilização de tais equipamentos.”
Em protesto pela morte da estudante, moradores da região realizaram um protesto na tarde do domingo (13). Após a ação policial, os ônibus deixaram de circular no bairro. O corpo da jovem foi enterrado na tarde desta segunda-feira (14), no Cemitério Ordem 3ª de São Francisco, na Baixa de Quintas.