Justiça concede liberdade provisória a treinador que chamou jogadora do Bahia de “macaca”

Ficou determinado que o suspeito está proibido de se ausentar da comarca onde reside sem autorização, além do pagamento de fiança no valor de 30 salários mínimos

Por Patrícia Rosa

A Justiça concedeu liberdade provisória, nesta quarta-feira (10), a Hugo Duarte, treinador do time feminino do JC Futebol Clube, preso em flagrante após cometer racismo contra a zagueira do Bahia, Suelen Santos. O crime aconteceu durante uma partida da segunda divisão do Campeonato Brasileiro Feminino na última segunda-feira (8), no Estádio de Pituaçu, em Salvador. 

Após audiência de custódia, ficou determinado que o suspeito está proibido de se ausentar da comarca onde reside sem autorização, além do pagamento de fiança no valor de 30 salários mínimos.

O técnico, de 44 anos, terá que cumprir medidas cautelares como não se aproximar a menos de 200 metros da vítima, comparecimento bimestral em juízo por período de um ano e também a todos os atos processuais. 

Entenda o caso

No fim do jogo das quartas de final da segunda divisão, o time feminino do Bahia comemorava o acesso à Série A do brasileiro em 2025. A comemoração do acesso deu lugar à confusão, a jogadora denunciou que Hugo Duarte a chamou de “macaca”. A Polícia Militar foi acionada e conduziu o suspeito à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência.

Um dia depois da situação racista, a atleta se pronunciou através das redes sociais, reafirmando a situação de violência que sofreu:

“Fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato de denúncia é a arma que tenho para combater o racista”, relatou Suelen.

Suelen Santos – Imagem: Reprodução Redes sociais

O Esporte Clube Bahia se pronunciou por meio de uma nota de repúdio, onde manifestou toda solidariedade à Suelen. O clube ainda acrescentou que a atleta teve o acompanhamento do jurídico do clube.

“O Diretor de Operações e Relações Institucionais acompanha a atleta, juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunhas. O Esporte Clube Bahia SAF cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”, declarou o time mediante nota.

Por nota, o JC Futebol Clube afirmou que repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa, e que o clube e o seu jurídico estão averiguando o acontecimento, para a tomada dos procedimentos cabíveis.

De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 41% dos profissionais que atuam no Brasil, entre eles, jogadores, membros de comissão e arbitragem, já sofreram racismo durante o exercício de sua atividade. Os casos de discriminação incluem “piadas”, insultos e ataques, sendo que 53% ocorrem nos estádios, 31% nas redes sociais e 11% nas sedes ou centros de treinamentos.

Compartilhar

Deixe um comentário

plugins premium WordPress