O formulário da pesquisa foi lançado no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica e ainda pode ser respondido
Por Andressa Franco
No dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, foi lançado o primeiro mapeamento sócio-demográfico de mulheres lésbicas do Brasil, o LesboCenso Nacional. E ainda é possível responder ao formulário que pretende coletar informações sobre auto identificação, trabalho, educação, saúde, relacionamentos, relações familiares e redes de apoio que essas mulheres possuem nas diversas regiões do país.
“Se ao Governo Federal só interessa saber quem somos para nos aniquilar, a nós mesmas interessa nossos corpos, práticas, experiências, vivências e interseccionalidades. A nós interessa saber a quantas andam nosso acesso e mapear as demandas por políticas públicas”, pontuou a articuladora nacional da LBL, Léo Ribas, durante uma das lives que debateu o lançamento do censo.
A iniciativa é uma realização da Coturno de Vênus e da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), e busca alterar o cenário de subnotificações de crimes, violação de direitos e da falta de políticas públicas específicas para mulheres lésbicas.
“A pesquisa colocou a academia ativista sapatão a serviço dessa ação e a utilizar o lugar de privilégio branco das pesquisadoras, que são brancas e sapatonas, e desafiam o espaço acadêmico com uma pesquisa que está atenta a todas as exigências de credibilidade ética para colocar o coturno na porta da academia e adentrar nesse espaço”, acrescenta Ribas, que também compõe a Rede Nacional de Ativistas e Pesquisadoras Lésbicas e Bissexuais (Rede LesBi).
“Política pública só acontece por pesquisa empírica”
Para Heliana Hemetério, consultora do primeiro LesboCenso Nacional, também presente na live, e que trabalhou durante 34 anos no IBGE, a pesquisa é de extrema importância para a questão das políticas públicas. “Política pública só acontece por pesquisa empírica, eles têm que saber para poder fazer alguma coisa, pelo menos a razão. Sem pesquisa eles alegam que não podem fazer nada porque não conhecem o caso”, afirma a articuladora nacional da nacional da Candaces Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras Feministas, e vice-presidenta da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis (ABGLT)
“Nós que somos do movimento e estamos na academia sabemos que as lésbicas estão em todos os lugares, mas o governo não faz o recorte. O censo vai obrigar a fazer o recorte da orientação sexual dessas mulheres porque estará comprovado em pesquisa”, explica Hemetério, que também é conselheira da Junta Diretiva do Fundo Emergente da América Latina.
Durante a live, as pesquisadoras reforçaram a necessidade de preencher o formulário, que conta com 44 perguntas e é anônimo, devido à sua importância política. Mas conscientes de que nem todas poderão participar da pesquisa online, principalmente por questões relacionadas ao acesso à internet.
“Nós temos uma meta nacional para chegar, que corresponde a 0,06% da população de mulheres do Brasil acima dos 18 anos, o que é muita coisa. Então nós temos que alcançar, pelo nosso projeto, 64 mil mulheres lésbicas, vamos ter um trabalho bem gigante pela frente”, completa Ribas.