Lesbofobia aumenta no Brasil e mulheres negras são as maioria das vítimas, revela estudo

 Em 2015, um total de 1721 mulheres lésbicas foram vítimas de violências no Brasil, enquanto no ano de 2022 foram registrados 3.478 casos

Por Patrícia Rosa

Há mais de oito anos, Luana Barbosa, 34 anos, foi vítima de lesbocídio cometido pela Polícia Militar de São Paulo. No ano passado, na cidade do Maranhãozinho (MA), Ana Caroline Campelo foi mais uma vítima brutal da lesbofobia. Os dois assassinatos não apenas representam perdas individuais, mas evidenciam um padrão de discriminação e violência que exprimem aumento contínuo do quadro da lesbofobia no Brasil.

Um estudo publicado no último dia 7 de março pelo Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), aponta um aumento considerável nos casos de lesbofobia. Em 2015, um total de 1721 mulheres lésbicas foram vítimas de violências no Brasil, enquanto no ano de 2022 foram registrados 3.478 casos, um aumento de cerca de 50% em sete anos. A maioria dos registros de violência é contra as mulheres negras, totalizando 56% do número total. 

A maior frequência dos registros foi de mulheres entre a faixa etária entre 20 a 24 anos, concentrando 19,2%, seguida por jovens de 25 a 29 anos, totalizando 16,3%. As adolescentes entre 15 a 19 anos representam o número de 14,6%.

A pesquisa é de autoria das pesquisadoras Camila Rocha Firmino, Kamilla Dantas Matias, com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Camila Firmino, falou ao Jornal Brasil de Fato, que a idade em que há mais casos de violência contra lésbicas, de 15 até 30 anos, coincide com o período de ‘saída do armário’.

“Coincide com o período em que as mulheres lésbicas enfrentam muita violência. Posteriormente, com maior autonomia, elas podem se desvencilhar da família de origem, enquanto as mulheres heterossexuais estariam migrando de uma família violenta para outra.”

Os tipos de agressões que mais afetam as vítimas são as físicas, com 52,7%, seguidas pela violência psicológica, com 28,2%. A violência sexual é a terceira ocorrência que mais afeta as vítimas, com 14,8%. Em relação à violência sexual, o tipo com maior frequência de registros foi o estupro, equivalendo a 74,5%. Em seguida, o assédio sexual representou 19,5% dos registros contra lésbicas.

As residências das vítimas são os locais que aparecem com maiores probabilidades de sofrerem agressões, os registros apontam que 62,14% das vítimas sofreram algum tipo de agressão em casa. As vias públicas são os locais mais perigosos, representando 21,14% das ocorrências.

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