Levantamento revela a existência de 530 grupos neonazistas no Brasil, reunindo até 10 mil pessoas

Uma pesquisa realizada pela antropóloga Adriana Dias e divulgada pelo Fantástico na noite deste domingo (16) revela um dado preocupante em relação ao discurso de ódio no Brasil. As células de grupos neonazistas aumentaram e se expandiram para as cinco regiões do país nos últimos três anos.

O número indica um aumento de 270% desses núcleos nos últimos três anos

Da Redação

Imagem: Reprodução TV/Globo

Uma pesquisa realizada pela antropóloga Adriana Dias e divulgada pelo Fantástico na noite deste domingo (16) revela um dado preocupante em relação ao discurso de ódio no Brasil. As células de grupos neonazistas aumentaram e se expandiram para as cinco regiões do país nos últimos três anos.

O levantamento de Dias, que se dedica a pesquisar o neonazismo no Brasil há 20 anos, aponta que existem pelo menos 530 núcleos extremistas, o que pode significar o envolvimento de quase 10 mil pessoas.

Esses números representam um crescimento de 270,6% de janeiro de 2019 a maio de 2021. E, para especialistas no assunto, o Brasil se depara com uma grande barreira para frear esse aumento: a falta de uma legislação específica contra discursos de ódio, como a apologia ao nazismo. A ausência de penalidades mais contundentes contra esses grupos, também pode ser considerado um fator que justifica o número de neonazistas no Brasil. Além do aumento do discurso de ódio representado pela figura do atual presidente, Jair Bolsonaro (PP).

Esses núcleos, de acordo com a pesquisadora, possuem semelhanças entre si. “Eles começam sempre com o masculinismo, ou seja, eles têm um ódio ao feminino e por isso uma masculinidade tóxica. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a LGBTQIAP+, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto”, explica em entrevista ao Fantástico.

As redes sociais, de acordo com a apuração feita pela reportagem do programa, são o principal combustível para a explosão do número de células neonazistas no Brasil. Em grupos privados dessas células, são encontradas mensagens de ódio, compartilhamento de vídeos exaltando Adolf Hitler e manifestações que extrapolaram as redes sociais.

Ainda segundo Dias, os grupos neonazistas se concentravam na região Sul do país, mas se espalharam por todo o solo brasileiro, especialmente no Centro-oeste e Sudeste, com destaque para Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Uma recente operação policial no Rio de Janeiro, por exemplo, tinha como objetivo prender um homem acusado de pedofilia, Aylson Proença Doyle Linhares, de 58 anos. Mas acabou se tornado uma das principais apreensões de material nazista no país.

Durante a operação, foram encontradas uma coleção de pôsteres, roupas, medalhas, acessórios nazistas e armas com munição e funcionando. Desde metralhadoras e fuzis até pistolas, tanto originais da época como atuais. O acusado tinha ainda um passaporte com viagens anuais à Alemanha. E a polícia investiga se há alguma organização por trás dele e se peças do seu arsenal seriam vendidas.

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