Você conhece o sítio arqueológico do “Museu Memorial Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN)”?

Estreou quarta-feira (12) o ciclo de circuitos históricos guiados do Museu Memorial Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), para celebrar os 26 anos de descoberta do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos. O IPN fica no Rio de Janeiro capital.

O Instituto celebra 26 anos da descoberta do Sítio Arqueológico em janeiro; São mais de 30 saídas guiadas gratuitas pelo Circuito Histórico de Herança Africana com agendamento até abril

Por Andressa Franco

Imagem: Divulgação

Estreou quarta-feira (12) o ciclo de circuitos históricos guiados do Museu Memorial Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), para celebrar os 26 anos de descoberta do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos. O IPN fica no Rio de Janeiro capital.

A programação especial segue gratuita até o mês de abril. E reverencia a memória dos milhares de negros(as) escravizados(as) recém-chegados ao Brasil que tiveram seus corpos ali depositados antes mesmo de serem vendidos no ‘mercado de escravos’, situado na Região Portuária, em meados do século XVIII.

O Circuito Histórico é realizado por guias turísticos com certificação oficial no Cadastur, capacitados pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos. O trajeto possui cerca de dois quilômetros e é percorrido em aproximadamente duas horas, por grupos de até (no máximo) 20 pessoas. Durante o percurso, é contada a história da Zona Portuária do Rio de Janeiro, na perspectiva social e cultural de africanos, indígenas e seus descendentes no Brasil.

Para se inscrever basta acessar o site oficial do Museu. A iniciativa conta com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que selecionou este projeto através de edital público.

Ao longo do mês de janeiro o IPN oferece capacitação para guias de turismo interessados em aprender todos os detalhes sobre o circuito. ”A procura tem sido tão grande que a primeira turma já está lotada e precisaremos abrir inscrições, no mês de fevereiro, para uma nova turma em março. Com isso percebemos que existe uma demanda contida muito grande para os assuntos relacionados ao Circuito Histórico de Herança Africana. As inscrições de todas as nossas atividades educativas se esgotam rapidamente, sobretudo para os educadores e profissionais do turismo”; revela Merced Guimarães dos Anjos, fundadora do IPN.

Os interessados em participar da próxima turma precisam efetuar a inscrição no próprio site do IPN a partir do próximo mês. O valor total do investimento é de R$150. 

Após quase dois anos de distanciamento social, o IPN reabre suas portas somente para grupos agendados. Visando garantir uma visitação segura e adequada, estão seguindo o protocolo recomendado pelo Plano de Retomada da Cidade do Rio de Janeiro, durante esse período pandêmico. Visitações gratuitas de terça a quinta-feira (10h às 16h) e pagas às sextas-feiras (10h às 16h) e sábados (10h ao meio dia) com ingressos a R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada). A entrada no local só será permitida mediante o uso de máscara e a apresentação da carteira de vacinação/passaporte vacinal contra covid-19 em dia.

Descoberta do sítio arqueológico

Em 08 de janeiro de 1996, os Guimarães dos Anjos faziam uma descoberta que mudaria definitivamente o rumo de suas vidas e da história carioca. Aconteceu quando, a partir da reforma de sua residência na Gamboa, foi encontrado o Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos – logo no primeiro dia de obra durante uma manutenção na casa em que vivem até os dias de hoje.

Desde a sua fundação, em 13 de maio de 2005, a família tem se mobilizado para manter o espaço contando também, desde 2013, com algumas parcerias. Além de Museu Memorial, o IPN também é Galeria de Arte Contemporânea, Biblioteca e ainda conta com auditório constantemente ocupado com uma programação de oficinas ao longo de todo o ano.

O sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos (1769 – 1830) é uma das principais provas materiais mais contundentes e incontestáveis encontradas até hoje sobre a barbárie ocorrida no período mais intenso do tráfico de seres humanos. Foram depositados neste cemitério os restos mortais de dezenas de milhares de africanos brutalmente retirados de sua terra natal e trazidos à força para o trabalho escravo.

Apesar de ser considerado o maior cemitério de escravizados deste gênero nas Américas, o terreno destinado aos ”sepultamentos” é muito pequeno e ocupa ”apenas” quatro imóveis da Rua Pedro Ernesto. Os vestígios arqueológicos e históricos são provas da ação violenta e cruel sofrida pelos africanos que não resistiram aos maus tratos da captura e viagem transatlântica.

Fundação do IPN

Devido ao descaso das autoridades e morosidade na realização de pesquisas, a família Guimarães dos Anjos decidiu fundar o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), nove anos após a descoberta do sítio arqueológico, em 13 de maio de 2005. O IPN é uma organização não governamental, apartidária e sem fins lucrativos, que tem por missão pesquisar, estudar, investigar e preservar o patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, com ênfase ao sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, valorizando e salvaguardando parte da memória e identidade cultural brasileira em diáspora.

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