Por Anna Julia Fagundes
Imagem: José de Holanda
Na última quarta-feira (01), a cirandeira Lia de Itamaracá, foi homenageada com o título de Cidadã Paulistana durante uma cerimônia proposta pela Mandata Coletiva Quilombo Periférico, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.
Nascida em Ilha de Itamaracá (PE), Maria Madalena Correia do Nascimento, passou sua infância imersa na dança e na música, e carrega o seu local de origem junto ao nome que é conhecida, Lia. A dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira, atualmente é reconhecida como uma das mais renomadas artistas do segmento, no qual está inserida desde os 12 anos de idade
Segundo o compositor Hermínio Bello de Carvalho, as cirandas pernambucanas de Lia já estão no meio do povo há cerca de 37 anos, graças a sua persistência por um sonho.
Lia precisou abandonar seus estudos para colaborar com o sustento da família. Em 1960, Lia passou a participar das rodas de ciranda que aconteciam em Jaguaribe, município de Ceará, local onde trabalhou durante anos como cozinheira.
Uma carreira de altos e baixos
No ano de 1977, Lia lançou seu primeiro disco, na qual trouxe musicalidades típicas de sua região, tal como loas de maracatu e coco raiz. Entretanto, apesar do seu destaque na mídia, Lia não obteve o retorno financeiro esperado, acabando na miséria em 1990.
Passando por cima de suas dificuldades, a artista, no ano 2000, lançou o disco “Eu sou Lia”, dando continuidade ao sucesso de sua apresentação realizada em Olinda. Já no ano de 2005, Lia de Itamaracá foi homenageada como Comendadora da Ordem do Mérito Cultural, do Governo Federal e também titulada como Patrimônio Vivo do estado de Pernambuco.
Juntando às suas conquistas, a cirandeira inaugurou o Centro Cultural Estrela da Lia, destinado à comunidade não só um espaço para rodas de ciranda, como também oficinas musicais. A partir disso, Lia tornou seu espaço um ponto de cultura reconhecido pelo Poder Público, em consequência de sua parceria com o Ministério da Cultura. Todavia, após o saqueamento do local, a artista além de reerguer o espaço, produziu o álbum Ciranda de Ritmos.
Em 2019, Lia recebeu o título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Lia por fim, passou a ser reconhecida internacionalmente, sendo considerada como a “Diva da música negra” pelo renomado jornal The New York Times.
O evento de homenagem foi transmitido pelas redes sociais da CMSP (Centro de Mídias e Educação de São Paulo), também foi palco do Grupo de Coco Semente Crioula.