Mãe denuncia escola por excluir criança autista de festinha de Carnaval em Salvador (BA)

Deveria ser um momento de confraternização entre os alunos da Escola Sesc Zilda Arns, no bairro da Saúde, em Salvador (BA). Mas, para Bárbara Aguiar, mãe de um garoto autista matriculado na instituição, foram momentos de indignação e angústia.

Bárbara Aguiar contou em vídeo que o menino está matriculado na instituição há sete anos e sempre fez de tudo para que fosse incluído

Por Andressa Franco

Imagem: Reprodução Redes Sociais

Deveria ser um momento de confraternização entre os alunos da Escola Sesc Zilda Arns, no bairro da Saúde, em Salvador (BA). Mas, para Bárbara Aguiar, mãe de um garoto autista matriculado na instituição, foram momentos de indignação e angústia.

Na noite da última quarta-feira (15), Bárbara publicou um vídeo em suas redes sociais relatando que seu filho foi excluído da festinha de Carnaval promovida pela escola para as crianças. Isso porque o som estava muito alto. O excesso de estímulos sensoriais costuma afetar crianças com autismo, as deixando irritadas e agitadas.

“Não costumo vir nas redes sociais, mas ontem aconteceu um fato que me machucou muito”, começou Bárbara no vídeo publicado no perfil do seu salão especializado em cabelos crespos e cacheados. “Meu filho estava muito feliz, queria ficar com os amigos, curtir. Mas quando eu cheguei para buscar ele já havia percebido o som nas alturas.”

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Quando entrou na escola procurando pela criança, Bárbara foi informada de que o menino de 10 anos havia passado toda a festa na biblioteca, e não havia participado do evento.

“Na saída uma das crianças falou: ‘Eu vi quando a professora pegou Akany e levou para secretaria porque o som estava muito alto’, e outra criança confirmou”, ressalta a especialista em cabelos afro. Segundo ela, os próprios colegas do garoto, crianças neurotípicas – que estão dentro do nível e idade esperados de desenvolvimento nos aspectos do sistema nervoso central – concordaram que o som estava muito alto.

“Eu disse: não acredito que uma escola que tem tantos educadores não percebeu que o som estava alto e podia agredir uma criança autista”, lembra emocionada.

Bárbara conta que chegou a ir até a secretaria e discutiu com a coordenadora pedagógica sobre a atitude da escola. “Se abaixassem o som as crianças iam entender e se divertir do mesmo jeito. O que faltou foi coordenação pedagógica, uma escola inclusiva, ensinar as outras crianças a viver em uma sociedade diversa”, pondera.

Entramos em contato com a Escola Sesc Zilda Arns, mas não houve retorno até o fechamento dessa matéria.

Há sete anos Bárbara chama atenção da escola

O episódio foi a gota d’água de uma longa trajetória de desapontamentos da mãe atípica com o Sesc. Ainda no vídeo, Bárbara conta que Akany está matriculado na instituição desde os três anos. E desde o início levou os diagnósticos da criança e conversou sobre seus comportamentos, orientando a como lidar com ele.

“Em uma de nossas conversas a professora disse: ‘eu confesso que não sei lidar com ele’. Eu falei: ‘do mesmo jeito que eu estou aprendendo a ser mãe atípica, você vai ter que aprender a educar uma criança atípica’. No decorrer dos anos eu fiz de tudo pra que a escola abraçasse meu filho”.

A história de Bárbara provocou identificação nos comentários, onde outras mães criticaram a adesão à inclusão para TEA nas escolas da capital baiana. Algumas chegaram a sugerir que buscar escolas municipais pode ser um caminho.

“Infelizmente, esse relato é recorrente em relação a escolas privadas. São 7 anos tentando fazer o papel de uma escola particular que não quer mudar o comportamento. Eles não estão interessados”, escreveu uma internauta.

“Nas escolas públicas municipais temos ações que ajudam a garantir os direitos das crianças. Temos especialistas, salas de atendimento especializado e muitas professoras e professores de excelência”, disse outra.

Bárbara chegou a pagar a pedagoga particular do filho para ir até a escola dar “uma aula” à professora e à coordenadora pedagógica sobre as especificidades do transtorno do espectro autista (TEA). Anos depois, afirma ter pago a terapeuta ocupacional do menino para ensinar à equipe docente formas lúdicas para acelerar o aprendizado do garoto.

“Estou cansada de mostrar a educadores como incluir uma criança atípica na educação. Vocês estão na educação pra educar, a gente não pode excluir mais ninguém”, desabafa.

Inicialmente, Bárbara tinha a intenção de registrar por e-mail uma reclamação diretamente com a direção geral do Sesc. Mas com o desabafo nas redes sociais, pretende através do seu relato chamar a atenção da Secretaria de Educação para que a escola seja notificada e para que outras crianças não sejam excluídas.

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