Meninos de Belford Roxo: Polícia Civil realiza operação para encerrar inquérito da morte e desaparecimento das crianças

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início nesta quinta-feira (9) uma operação para encerrar o inquérito da morte e desaparecimento dos corpos dos três meninos de Belford Roxo.

Por Andressa Franco*

Imagem: Reprodução

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início nesta quinta-feira (9) uma operação para encerrar o inquérito da morte e desaparecimento dos corpos dos três meninos de Belford Roxo. Ao todo foram emitidos 56 mandatos de prisão. Pelo menos 33 foram cumpridos até o momento: 15 pessoas já estavam presas, e outras 18 foram detidas nesta quinta — duas delas em flagrante.

De acordo com o secretário de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, os responsáveis pela morte dos meninos da Baixada foram os traficantes da favela Castelar. Ainda segundo a corporação, o sequestro dos meninos pelos traficantes foi motivado por um suposto roubo de passarinhos, a partir daí passaram por uma sessão de tortura tão violenta que um deles acabou morrendo. E os outros dois foram executados por isso.

O crime aconteceu e ganhou repercussão em dezembro do ano passado, e os corpos de Lucas Matheus, de 9 anos, e Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, nunca foram encontrados. Eles foram vistos pela últimas vez no dia 27 de dezembro a caminho da Feira de Areia Branca depois que saíram de casa para brincar. Em 11 meses de investigação, 70 pessoas foram presas.

Os nomes indiciados pela polícia por participação no crime foram: Ana Paula da Rosa Costa, a Tia Paula, gerente de logística do Castelar; Willer Castro da Silva, o Stala, gerente do tráfico do Castelar; José Carlos Prazeres da Silva, o Piranha, chefe do tráfico do Castelar; todos mortos. As mortes estão sendo investigadas pela polícia. Também foram indiciados Edgar Alves de Andrade, o Doca, uma das lideranças do Comando Vermelho, que está foragido; e uma quinta pessoa, presa, cujo nome não foi divulgado. Um sexto responde em liberdade apenas por ocultação de cadáver.

“Essa facção é a mesma que já torturou e matou jornalista, matou uma jovem menina e cortou ela porque não queria namorar um traficante, que matou um menino na Nova Holanda, que incentiva roubos de automóveis e cargas no Rio de Janeiro”, afirmou Ronaldo Oliveira, subsecretário de Planejamento Operacional da Polícia Civil em entrevista ao portal G1.

Para comprovar a participação de todos os envolvidos no crime, a polícia colheu elementos como análises de telefone e quebras de dados de telefone. Além disso, depoimentos de testemunhas informam que a gerente de logística do tráfico local, a Tia Paula, foi a responsável pelo sumiço dos corpos.

Uma delas relatou que a mulher foi a um bar da comunidade e perguntou se alguém sabia dirigir. A testemunha se ofereceu e foi levada de moto até um carro, onde estariam os corpos dos meninos, e então guiou até um rio próximo da favela, onde eles foram jogados.

Em 28 de julho deste ano, outro homem procurou o 39º BPM (Belford Roxo) para contar que seu irmão havia sido motorista obrigado a transportar os corpos das três crianças até o rio. A PM encaminhou o homem para a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), onde ele confessou.

A DHBF pediu apoio ao Grupamento de Busca e Salvamento dos Bombeiros dois dias depois. Mas apesar das buscas realizadas no ponto do rio indicado pelo condutor do veículo, as únicas ossadas encontradas foram de restos de animais. Novas buscas aconteceram no dia 10 de setembro, dessa vez em outro trecho do rio, e até hoje o corpo de nenhum dos meninos foi encontrado.

Outra testemunha em depoimento para a polícia informou ter ouvido Stala, gerente do tráfico do Castelar, dizer que as mortes das crianças teriam ocorrido porque elas estavam roubando na favela e teriam levado um passarinho do tio do criminoso. Outro elemento que colaborou para a investigação da polícia, foi a interceptação de um telefonema entre dois traficantes do local, onde um diz ter sido incriminado pela morte dos meninos, e o outro responde: “E tu não quis nem bater. Lembra?”. Nenhum dos dois foi identificado pela polícia.

*Com informações do G1

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress