Estudante de física médica se torna primeira brasileira negra premiada por agência nuclear internacional

tornar a primeira mulher negra brasileira a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (de sigla IAEA, em inglês). A agência é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). A jovem seguirá o mestrado fora do país em 2022.

A jovem soteropolitana é mestranda na USP e foi contemplada com o prêmio através de uma pesquisa sobre a participação das mulheres na área nuclear do IPEN

Da Redação

Imagem: Cassimano

Ana Gabryele Moreira, de 29 anos, é estudante de física médica na Universidade de São Paulo (USP), e acaba de se tornar a primeira mulher negra brasileira a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (de sigla IAEA, em inglês). A agência é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). A jovem seguirá o mestrado fora do país em 2022.

Nascida no bairro de Cajazeiras, área periférica de Salvador (BA), Ana foi contemplada com a segunda edição do prêmio através de uma análise sobre a participação das mulheres na área nuclear. E agora conta com uma bolsa de 10 mil a 40 mil euros para estudar no exterior. A área é praticamente toda dominada por homens brancos. E em 2020, a IAEA iniciou um trabalho para incentivar mulheres a ingressarem no mundo da energia nuclear.

A pesquisa da estudante foi denominada “Estudo do perfil sociocultural de mulheres que atuam em um instituto nuclear brasileiro”, e tinha por objetivo entender o perfil sociocultural dessas mulheres. Incluindo cor, naturalidade, se são orientadas por homens ou mulheres, áreas que mais atuam, mulheres que são referências no instituto para elas, se tem cargo de chefia. O trabalho foi feito por ela, Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Mastro.

Como resultado, o levantamento baseado em respostas voluntárias, mostrou que entre as poucas mulheres que ocupam espaços nesse campo, 84% são brancas e apenas 10% pretas. Nenhuma das mulheres que respondeu a pesquisa era indígena, e há poucas ocupando cargos de chefia.

Filha de um trabalhador de transporte coletivo e uma dona de casa, a jovem se tornou a primeira da família a ingressar na universidade pública, o que aconteceu através do sistema de cotas.

Foram cinco anos tentando ingressar na Universidade Federal da Bahia (UFBA), até passar na Universidade Federal de Sergipe (UFS), depois de ter feito um curso tecnológico em radiologia. Foi onde recebeu o conselho de seguir para área de física médica. E ingressou no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN), dentro da USP, e onde fica o primeiro reator nuclear do Brasil.

Com os auxílios permanência disponibilizados pela instituição, conseguiu se manter nos estudos. Auxílios que, no governo Jair Bolsonaro (PL) já sofreram cortes orçamentários de até 36% das verbas de custeio, gerando suspensão parcial de bolsas para alunos vulneráveis e impacto em pesquisa.

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