Moradores do Rio dos Macacos alertam sobre risco de rompimento de Barragem

Da Redação/ Imagem: Reprodução

Os moradores do Quilombo do Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA), sofrem há alguns anos com o descaso do poder público e intimidação da Marinha do Brasil, que tem uma Base Naval na região.

Tal descaso se reflete hoje no risco de rompimento da Barragem do Rio dos Macacos, localizada Base Naval de Aratu, da Marinha do Brasil. De acordo com relatório da Defesa Civil da Bahia o risco de rompimento é alto e por este motivo a entidade recomenda “que seja realizada a evacuação da comunidade localizada a jusante, até que ocorra uma redução no nível do reservatório”.

De acordo com o relatório a situação da barragem se agravou devido ao alto índice de chuvas e a falta de manutenção das valas do equipamento, por onde escoaria a água, mas que se encontram danificados e acumulando sujeira. Na barragem há uma rachadura de 14 metros de comprimento e 03 cm de largura que tem aumentado gradativamente com as chuvas.

O Diretor-Superintendente de Proteção da Defesa Civil, Paulo Sérgio Menezes Luz, protocolou ofício ao diretor geral alertando do risco de rompimento e com as recomendações de evacuação das famílias do quilombo.

Vídeo feito por Moradores mostra rachadura na estrutura da Barragem

Leia a Nota de Moradores e Apoiadores

BARRAGEM PRESTES A ROMPER NO QUILOMBO RIO DOS MACACOS

“Se agente falar a gente morre, se a gente não falar, a gente também morre”. A frase é a síntese de uma liderança do Quilombo Rio dos Macacos devido um cotidiano de desespero no município de Simões Filho na Bahia.

Dessa vez, a barragem que fica em cima da comunidade sofre o risco de romper a qualquer momento, e atingir além das 86 famílias quilombolas, cerca de 300 outras famílias nos arredores. A rachadura e o aumento no nível das águas se ampliam com as fortes chuvas que caem na região metropolitana de Salvador há cerca de um mês, entre abril e maio de 2020. De Brasília, o governo de Jair Bolsonaro ameaça: se denunciar a situação o processo de titulação da terra será interrompido, em desobediência à Justifica Federal que deu sentença favorável à titulação.

A tentativa de calar o quilombo também está na falta de água potável para tomar banho, cozinhar, lavar as roupas e se prevenir da ameaça do Covid-19. A Marinha do Brasil proibiu a Embasa de colocar o sistema de água, e não satisfeita cortou a única fonte que chegava em algumas casas e era partilhada com as demais: o conhecido “gato”, uma extensão utilizada por aqueles que não conseguem ter acesso ao sistema de forma regular.

A tensão aumenta porque a construção da estrada também foi impedida pela Marinha, e os moradores têm que atravessar dia após dia a Vila Naval da Aratu, um local que rememora os estupros e torturas recentes vividas por estes quilombolas. Até mesmo a passagem da alimentação está sendo boicotada, sob orientação do Comando do 2º Distrito Naval.

A única autoridade que a comunidade tem alguma expectativa de ser atendida é o governador do estado, Rui Costa. Mais sangue pode ser derramado ou soterrado no estado da Bahia. Mas até hoje os moradores não conseguiram uma audiência direta com o mandatário, pois os seus assessores e secretários seguem as orientações da Marinha do Brasil do governo Bolsonaro.

Simões Filho, Bahia, 13 de maio de 2020.

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