Morre paciente impedido de receber a intervenção religiosa de sua Mãe de Santo, em  Hospital do Rio de Janeiro

Jerônimo Rufino dos Santos Junior, de 39 anos, morreu no último sábado(05), no Hospital Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, depois de cinco dias de internamento após sofrer um  Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 31 de outubro

 A iyalorisa Paula de Odé foi impedida  de entrar na unidade hospitalar e o hospital alegou que estava cumprindo o protocolos a unidade

Por Patrícia Rosa

Jerônimo Rufino dos Santos Junior, de 39 anos, morreu no último sábado(05), no Hospital Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, depois de cinco dias de internamento após sofrer um  Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 31 de outubro. A vítima era candomblecista e sua mãe de santo, a iyalorisa Paula de Odé, foi impedida  de entrar na unidade hospitalar para fazer um ritual religioso com o paciente.

 A líder religiosa chegou na unidade por volta de 19h30 da noite de quarta-feira (2), tentou diálogo com a direção do hospital e explicou todo o procedimento, recebendo a negação da gestão. “Eu teria que fazer um ebó, passar um pano, um murim branco em qualquer parte dele. O hospital não quis nem saber como seria para facilitar,” declarou a mãe de santo ao portal G1

O caso de intolerância religiosa foi registrado na 30ª Delegacia d e Polícia Marechal Hermes. A direção do hospital negou ter cometido intolerância religiosa e alegou ter seguido  o protocolo da instituição.  Por nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde justificou que a líder religiosa chegou ao hospital à 0h, sem a companhia de parentes e que precisava de uma autorização da família .  A advogada e candomblecista, Camila Garcez,  fala que o termo “intolerância religiosa” não tem mais sido capaz de abarcar as violências sofridas pelos corpos negros, que cultuam as religiões de matrizes africana. “Nós temos a Constituição Federal que em seu inciso VII do artigo 5º, traz como direito fundamental à prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares. Além disso, em 2020 foi promulgada a LEI No 9.982, que dispõe que os religiosos de todas as confissões assegura o acesso aos hospitais da rede pública ou privada, desde que em comum acordo com estes ou com seus familiares. Então não há uma explicação plausível que não seja a prática de racismo religioso por parte da direção do hospital. Caso solicitasse a visita de um padre ou pastor para se confessar, não teria essa visita flexibilizada?”, declara a advogada. Jerônimo foi sepultado no domingo (6), e deixou a esposa e o filho de 17 anos.

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