Numero de estudantes negros nas universidades federais passa de 17% para 47% em 13 anos

Por Patrícia Rosa

O número de estudantes negros em universidades federais do Brasil passou de 17% para 49% em 13 anos. Em 2009, eram 135,1 mil estudantes negros, número que subiu para 515,7 mil em 2022. Os dados são de pesquisadores do SoU Ciência (Centro de Estudos, Sociedade, Universidade e Ciência), vinculado à Unifesp – Universidade Federal de São Paulo.

Segundo o levantamento, em 2009, 10.735 alunos negros entraram em universidades brasileiras pelo sistema de cotas. Em 2022, o número subiu para 241.443 estudantes. A Lei de Cotas é responsável por reservar vagas para estudantes negros, indígenas, com deficiência e que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas nas instituições de ensino superior.   

No último dia 13 de maio, pesquisadoras do SoU Ciência lançaram o Painel Cotas nas Instituições Públicas de Ensino Superior.

“Nós do SoU Ciência, pudemos constatar que a política de cotas representa concretamente essa possibilidade de termos uma sociedade justa. Essa ação afirmativa é uma conquista das lutas históricas da nossa sociedade contra a opressão e o racismo, mas o destaque é, de fato, para o movimento negro. Todo o nosso respeito e agradecimento a esse movimento”, declara uma das pesquisadoras do SoU Ciência, Maria Angélica Minhoto.

Trajetórias transformadas pela Lei de Cotas

Mulher negra, quilombola, mãe e nordestina, a jovem Olívia Soraya Ramos, de 30 anos, ingressou no tão sonhado curso de medicina da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), após nove anos de estudo e preparo. Olívia nasceu em Quilombo do São Bento, no Município de Santa Helena, no Maranhão, mudou-se para o Rio Grande do Sul (RS) e logo após para São Paulo (SP). Durante o percurso, a estudante passou para outros cursos, mas seguiu persistente no sonho de cursar medicina. 

Olívia conquistou a única vaga da cota quilombola do curso de medicina da UFDPar. Para cursar a universidade, a estudante se mudou para a cidade de Parnaíba (PI). O Painel de Cotas aponta que, em 2013, apenas 9,7% dos concluintes do curso de medicina eram cotistas. Em 2019, esse número teve um aumento e passou para 16,6%.

Para Olívia, as políticas afirmativas foram fundamentais para o aumento dos estudantes negros. “Sem isso, seria muito mais difícil, porque é muito difícil competir com alguém que já começou muito à tua frente. Às vezes a pessoa tem até um suporte básico para estudar, para seguir, mas nem todo mundo tem o mesmo tempo de aprendizagem, as mesmas dificuldades.”

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