Por Matheus Souza
O massacre cometido pelas forças de segurança no Rio de Janeiro na operação policial realizada na última quarta-feira (29) assustou todo o país, e na Bahia, o histórico de violência policial mostra um precedente similar e igualmente perigoso.
As chacinas decorrentes de ações policiais – nas quais três ou mais pessoas são mortas numa mesma ação envolvendo agentes de segurança durante operações – na capital do estado, Salvador, e na Região Metropolitana (RMS) vitimaram 85 pessoas somente neste ano, contra as 40 mortes na mesma categoria em 2024, um aumento de 112%. Todas as vítimas identificadas pelo levantamento são negras, 98% destas do sexo masculino, e 5% eram adolescentes.
O número de pessoas mortas em chacinas no geral também cresceu exponencialmente em 2025. Entre janeiro e 17 de outubro, foram 109 vítimas, contra 69 no mesmo período em 2024, um aumento de 58%, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.
Metade das mortes registradas (50%) nessas chacinas ocorreu em operações das unidades Rondesp Atlântico, Rondesp Central e Rondesp Baía de Todos os Santos, equipes que aparecem como as que mais acumularam vítimas em decorrência de suas operações. Os dados, infelizmente, não surpreendem, e mostram de forma bem clara o padrão da polícia brasileira: vitimar a população negra e moradora das periferias e favelas.
Abaixo, o mapa dos óbitos ocasionados pelas chacinas policiais na região:
- Salvador: 84 mortos em chacinas
- Camaçari: 14 mortos em chacinas
- Lauro de Freitas: 8 mortos em chacinas
- Dias D’Ávila: 3 mortos em chacinas
Todos os bairros mais atingidos por esse tipo de violência estão localizados em Salvador:
- Fazenda Coutos (Salvador): 16 mortos em chacinas
- Curuzu (Salvador): 6
- Rio Sena (Salvador): 6
- Arembepe (Camaçari): 4
- Fazenda Grande do Retiro (Salvador): 4
- Federação (Salvador): 4
Em setembro deste ano, 105 tiroteios foram registrados durante todo o mês. Desse total, 51%, equivalente a 54 casos, ocorreram durante operações policiais. Ao todo, 93 pessoas foram mortas e 25 ficaram feridas. Das vítimas identificadas, mais da metade eram pessoas negras, um total de 54 vítimas.
Um pouco antes, em maio, Salvador chegou à marca de 5.000 tiroteios registrados. Ao todo, os confrontos armados na capital e RMS resultaram em 4.837 pessoas baleadas, 3.839 mortas e 998 feridas. Novamente, os bairros mais afetados estão em zonas periféricas da cidade e com maioria negra entre seus moradores: Tancredo Neves, Pernambués, Lobato e Fazenda Grande do Retiro são alguns exemplos.
 
								 
											 
								 
                     
                    


