Por Catiane Pereira*
A Polícia Civil da Bahia realizou, na última quarta-feira (8), uma operação para cumprir mandado de prisão contra Marílio dos Santos, conhecido como “Maquinista” ou “Gordo”, apontado como mandante e mentor intelectual do assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, ocorrido em agosto de 2023.
A ação ocorreu na cidade de Santa Bárbara (BA). O suspeito não estava no imóvel e segue foragido. Durante as buscas, os agentes encontraram uma arma com a numeração suprimida, escondida dentro de um saco plástico. A esposa de Marílio dos Santos foi presa no local.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Marílio é apontado como chefe do grupo criminoso responsável pela morte de Mãe Bernadete. A investigação policial indica que o crime foi motivado pela atuação da líder quilombola contra o tráfico de drogas em Simões Filho (BA), onde ela vivia e liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares. A família, no entanto, contesta a versão oficial. Para o filho de Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico, a morte está ligada a disputas territoriais e interesses empresariais na região.
A linha do tempo do crime
Mãe Bernadete foi morta a tiros em 17 de agosto de 2023, dentro da sede do quilombo. No momento do crime, ela estava acompanhada dos netos, que foram retirados da sala pelos executores.
Dois anos após o crime, a Polícia Civil prendeu cinco homens suspeitos de envolvimento no assassinato. São eles: Arielson da Conceição Santos, apontado como um dos executores; Sérgio Ferreira de Jesus, acusado de receptar celulares roubados da vítima; Josevan Dionísio dos Santos, também suspeito de participar da execução; Ydney Carlos dos Santos de Jesus, que teria auxiliado no planejamento do crime; e Carlos Conceição Santiago, apontado por armazenar as armas utilizadas no homicídio.
A Justiça determinou que Marílio, Arielson e Sérgio irão a júri popular. Mesmo foragido, o mandante tem advogado constituído e responderá ao processo. As audiências foram transferidas para Salvador (BA), a pedido das defesas. Os demais acusados terão julgamentos desmembrados.
A execução de Mãe Bernadete se soma ao assassinato de outro filho da líder, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, morto em 2017. Para os familiares, a ausência de resposta sobre os mandantes do crime revela impunidade. “Quem mandou matar Binho do Quilombo?”, cobra Jurandir Wellington Pacífico, filho da líder quilombola.
*Com informações do G1