Por Patrícia Rosa
Em meio a mais uma abordagem violenta, a Polícia Militar de São Paulo matou com um tiro na cabeça o jovem Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos. Ele tentava defender a esposa grávida. O caso ocorreu na noite do dia 1º de abril, no Bairro de Vila Sônia, em Piracicaba (SP). O casal havia saído de casa para comprar milho e refrigerante quando Gabriel foi abordado pelos agentes.
Vizinhos registraram o momento em que o jovem foi baleado. Na gravação, é possível ouvir os gritos de desespero de pessoas da comunidade: “Mataram o menino! Como é que fazem isso com o menino?”
Rebeca Mirian Alves Braga explicou à equipe da TV Metropolitana de Piracicaba, que ela e o marido tinham saído de casa para comprar um refrigerante e um milho. Ambos seguiram caminhos diferentes para obter os itens, até que uma viatura surgiu e abordou Gabriel e um outro rapaz que passava pelo local. Ela ainda explicou que o jovem passava pela abordagem sem reagir, quando um dos agentes começou a dar socos nele. Rebeca ainda relatou que, ao ver o companheiro ser espancado, deu dois passos para frente e disse que os policiais não precisavam bater nele.
“Nisso, o outro policial veio, me deu um empurrão, puxou o meu cabelo e começou a me bater. Meu marido, quando viu o policial tentando me bater, tentou se soltar do outro para me acudir. Ele conseguiu se soltar, correu, mas ele voltou porque o policial estava me agredindo. Na hora que ele voltou, eu escutei o tiro e vi meu marido caído no chão”. Ela também relatou que o policial, que ainda a segurava pelos cabelos, a puxou e disse: “Olha lá o lixo do seu marido no chão.”
À reportagem, a Polícia Militar declarou que as equipes realizavam patrulhamento pelo bairro, Gabriel teria resistido à abordagem e ameaçado os policiais com uma pedra, um policial efetuou um disparo, e o atingiu na cabeça. Gabriel chegou a ser socorrido, levado para o Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, mas não resistiu aos ferimentos
O caso está sob investigação pela 3ª Delegacia de Homicídios do Deic do Deinter 9. Os dois agentes envolvidos na ação foram afastados do cargo. A corporação afirmou que está apurando os fatos.
Gabriel Junior deixou duas crianças e a jovem espera o terceiro filho do casal.O número de mortes resultantes de intervenções policiais em São Paulo teve um aumento de 65% entre os anos de 2023 e 2024, saindo de 542 casos para 835, segundo dados do monitoramento do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).