Por Patrícia Rosa
A audiência do caso Tainara Santos, jovem que está desaparecida há mais de seis meses em Cachoeira (BA), começou nesta quarta-feira (26) e vai continuar pelo menos até quinta-feira (27). Esta é a primeira audiência do caso, que acontece no Fórum de Teixeira de Freitas. O principal suspeito do crime é o ex-companheiro da vítima, George Anderson Santos da Silva. Ele é suspeito de feminicídio, além de qualificadoras como violência contra a mulher, ocultação de cadáver e crime de extorsão.
A jovem de 27 anos saiu de casa na manhã do dia 9 de outubro, da comunidade quilombola Acutinga Motecho, em direção à cidade de Cachoeira (BA). No mesmo dia, conhecidos a viram acompanhada por alguns homens em uma lan house na cidade, e pouco depois seu irmão, que estava nas imediações, também a viu em um banco na praça, acompanhada do ex-companheiro e mais três homens por perto.
De acordo com relato da advogada Maria das Graças, que acompanhou o processo inicialmente, ela estava na lan house para organizar os documentos para a partilha dos bens, no cartório de Cachoeira.
“Algumas pessoas estão relatando que ele teria levado ela para o cartório para passar a casa em que eles moravam para o nome dele, fazendo a partilha dos bens. Mas todo mundo que encontrou Tainara na rua neste dia falou sobre os homens que estavam fazendo a escolta dela e da tristeza dela ao falar com as pessoas”, relatou Maria das Graças ao Odara – Instituto da Mulher Negra.
Durante seis anos, Tainara manteve um relacionamento com George, com quem teve uma filha de 2 anos. A irmã da vítima, Itamara Santos, relatou que o homem costumava ser violento com a vítima. “Ela mesma falava que ele a agredia e ameaçava.”
Todos os indícios apontam para o envolvimento de George no desaparecimento
Advogada Laina Crisóstomo, integrante da Organização Tamo Juntas, que acompanha o caso como assistente de acusação, explicou que o caso corre em segredo de justiça, e que todos os indícios apontam que o ex-companheiro desapareceu com a vítima.
“Ele é bem violento, assim, tem um processo histórico de seis anos de relação. São muitos elementos de violência. Ele tinha munição em casa, tinha arma, então são muitos elementos que são postos aqui”. A advogada ainda relata que o homem nega o crime, apresenta diferentes versões, tenta ligar a vítima ao tráfico e desqualificar a vítima.
A jovem chegou a registrar uma queixa por violência doméstica e solicitar medida protetiva, em agosto do ano passado. No mês seguinte, Tainara teria solicitado ao Ministério Público o encerramento do caso. Na ocasião do desaparecimento, a advogada que a acompanhava explicou que essa decisão foi fruto de pressões e ameaças feitas pelo suspeito.
Crisóstomo encerra enfatizando que esse é um crime político, contra todas as mulheres, um processo reiterado do machismo, do patriarcado, da violência contra a mulher e do controle dos corpos.