Primeira turma de magistério indígena do Rio de Janeiro se forma na Aldeia Sapukai

Cerimônia de formatura celebrou 16 novos educadores Guarani Mbyá no maior território indígena do estado
Imagem: Ellan Lustosa / Seeduc-RJ

Por Karla Souza

A Aldeia Sapukai, localizada em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, formou a primeira turma de magistério indígena do estado. A cerimônia, realizada no colégio estadual Guarani Karai Kuery Renda, marcou a diplomação de 16 novos professores Guarani Mbyá. Eles atuarão diretamente na educação de crianças e jovens da aldeia, que abriga 339 indígenas em uma área de mais de dois mil hectares, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com início em 2018, a formação foi construída por meio de um acordo entre a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). A parceria teve como objetivo garantir o direito à educação diferenciada, conforme prevê a Constituição Federal, respeitando as particularidades culturais e linguísticas dos povos originários.

“Meu coração tá quase saindo pelos peitos, mas tô segurando e ainda tem um momento que a gente vai subir pra pegar o diploma, e esse momento vai ser muito mais emocionante pra todos nós”, declarou o formando Dirceu de Castro ao telejornal RJTV.

A celebração contou com rituais tradicionais, cânticos sagrados, apresentações culturais e a entrega dos certificados. Durante o evento, lideranças comunitárias e educadores reforçaram a importância da formação de professores indígenas para o fortalecimento da autonomia educacional da aldeia. As atividades também incluíram uma palestra sobre a luta histórica por uma educação escolar indígena construída a partir das necessidades do próprio território.

“Eu sempre sonhei em ser professor. Penso muito no futuro, e a nossa comunidade precisa de professores indígenas para educar nossos alunos guaranis. Precisamos fortalecer a cultura e a língua, porque antes só tínhamos professores não indígenas”, afirmou Ildo Benites, um dos formandos, em entrevista ao portal de comunicação do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O diretor-geral da unidade escolar, Domingos Júnior, destacou os avanços conquistados nos últimos anos. “A comunidade está feliz. Estamos vivendo uma reparação histórica do ensino na escolarização indígena. Nossos povos originários merecem todo o respeito e seus direitos constitucionais preservados”, declarou, conforme registrado pelo portal oficial do governo.

Dados da primeira etapa do Censo Escolar 2022 indicam que, das 178,3 mil escolas de ensino básico no país, apenas 3.541 (1,9%) estão localizadas em terras indígenas. Ao todo, somente 3.597 (2%) ofertam educação indígena por meio das redes de ensino e seguem currículos que consideram os aspectos etnoculturais das comunidades.

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