Em lançamento, Recôncavo Afro Festival ressalta o território baiano pulsante de cultura negra e múltiplas expressões artísticas que percorrerá

Durante o evento, foram reveladas atrações convidadas como Samba de Roda de Dona Dalva, Sued Nunes, Mc Jayne, Nilma Marks e Samba do Lu e Convidados, além da exibição do filme “Malês”

Por Karla Souza

O Recôncavo Afro Festival (RAF) foi lançado oficialmente na última quarta-feira (16), em um evento que ressaltou a potência cultural da região e seu papel como berço de expressões artísticas ligadas às tradições afro-brasileiras. O festival, que acontecerá entre novembro e dezembro, terá edições em quatro cidades do Recôncavo Baiano – Cachoeira, São Félix, Maragogipe, Santo Amaro – e em Salvador, e promete apresentar uma ampla programação gratuita e multilinguagem, envolvendo música, audiovisual, artes visuais e cênicas. Com artistas e grupos selecionados por uma curadoria especializada, o RAF surge como uma plataforma de promoção da cultura negra e do patrimônio afro-brasileiro, fortalecendo a cena cultural e econômica local.

Durante o evento de lançamento, foram anunciadas atrações convidadas, como o grupo Samba de Rosa de Dona Dalva, Sued Nunes, MC Jayne, Nilma Marks, e o Samba do Lu e Convidados. Além disso, haverá a exibição especial do filme “Malês”, que promete ser um dos grandes momentos do festival.

Idealizado pela Odé Produções e Ayabá Produtora Criativa e Audiovisual, o festival propõe um circuito que dialoga diretamente com a história e o potencial turístico do Recôncavo, destacando suas singularidades culturais e fomentando o trabalho de artistas da região. Samir Suzart, curador de dança do RAF, destaca a pluralidade artística que caracteriza o Recôncavo. Para ele, o festival proporciona um intercâmbio entre as cidades, que embora próximas, possuem particularidades culturais próprias. “É um investimento não apenas financeiro, mas social, ao valorizar as especificidades de cada município.”

Samir Suzart é o curador de dança do RAF – Foto: Karla Souza

O projeto também busca conectar as manifestações culturais afro-brasileiras com a produção acadêmica local, resultado das políticas afirmativas implementadas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Suzart ressalta o papel fundamental da UFRB, cujos egressos estão à frente da organização do evento. “A UFRB é fruto das políticas afirmativas e o festival reflete isso. Ele foi idealizado por ex-alunos que hoje lideram a produção cultural na região, mostrando a importância da universidade na valorização e fortalecimento da cultura local.”

A curadora de audiovisual do RAF, Everlane Moraes, explica que a iniciativa é uma oportunidade de intercâmbio cultural e temático que reforça a importância de mostrar a vibrante cultura do Recôncavo. Ela também menciona o papel da UFRB no contexto entre o evento e a vibração cultural da região.

“Muitos dos filmes que serão exibidos na mostra são de estudantes da UFRB e de outras universidades que estão próximas do território. É importante destacar a importância da existência da universidade aqui, que envolve vários fatores importantes, tanto a cultura efervescente que já existe no local, como também uma produção acadêmica, epistemológica, em redor dessa. Sem contar também os estudantes que são daqui, dos territórios próximos, que têm a oportunidade de ingressarem na academia e a abrilhantam.”, completa.

Everlane Moraes é curadora de audiovisual do RAF – Foto: Karla Souza

Além de promover intercâmbios culturais e educativos, o RAF se mostra como uma oportunidade de visibilidade e empoderamento para artistas negros. Para Nilma Marks, uma das artistas do festival, o evento é um marco na valorização das artes no Recôncavo.

“Só tenho a agradecer, pois este evento representa a melhor parte da minha trajetória. Com mais de 40 anos de experiência, entre bailes e o trabalho como backing vocal com diversos artistas de reggae, estou iniciando minha carreira solo agora. Não há lugar melhor para isso do que em Cachoeira, a terra vizinha à minha [São Félix].”

Com uma programação que abrange desde o samba de roda ao audiovisual, o RAF valoriza o fazer artístico, criando uma rede de oportunidades para artistas e empreendedores. A curadoria incluiu 40 artistas e grupos da região, selecionados por sua relevância cultural e conexão com o Recôncavo. Para Suzart, o festival transcende a simples apresentação de espetáculos: “É um espaço de construção coletiva, de criação de laços entre os artistas e as comunidades locais.”

Veja as datas e locais de cada etapa do festival:

20 a 24/11 em Cachoeira

21 a 24/11 em São Félix 

28 a 30/11 em Maragogipe 

05 a 07/12 em Santo Amaro

12 a 15/12 em Salvador

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