Texto: Divulgação
Está em cartaz na Casa das Histórias de Salvador (CHS), localizada no Bairro do Comércio, a mostra “Ecos Malês”, uma exposição sobre a Revolta dos Malês, um dos maiores e mais representativos levantes liderados por africanos na história do Brasil, que aconteceu em Salvador no ano de 1835. A exposição reúne 114 obras de 48 artistas em parceria com o coletivo Arquiteturas da Revolta, que refletem sobre as influências contemporâneas da luta pela liberdade dos africanos escravizados e libertos em Salvador, durante o século XIX.
A mostra traz a história do levante protagonizado por africanos muçulmanos, conhecidos como malês, em sua maioria haussás e nagôs, se destacou como um dos maiores e mais documentados movimentos de resistência escravista no Brasil. A intenção do movimento era libertar compatriotas escravizados e estabelecer um governo islâmico na Bahia.
O “Ecos Malês” tem a curadoria de João Victor Guimarães e co-curadoria de Mirella Ferreira. Segundo o curador, o público pode esperar uma exposição pensada para dialogar e se aproximar por meio de seus artistas contemporâneos e com obras que vão além do que é visual.
“Salvador tem a chance de acessar uma exposição que fala de uma revolta que aconteceu na cidade, feita por negros africanos escravizados e libertos, que não foi vitoriosa diante dos seus anseios, dos seus planos e propostas, mas foi vitoriosa na medida que permanece com os seus fundamentos na nossa sociedade”, declara João Victor.
Embora o movimento ocorrido entre os dias 24 e 25 de janeiro de 1835 tenha sido violentamente reprimido, o impacto da Revolta dos Malês foi duradouro, e teve importante contribuição para um crescente movimento abolicionista no Brasil, culminando na promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850, que proibiu o tráfico transatlântico de escravizados, além de deixar marcas significativas na história de Salvador e na luta afro-brasileira por liberdade.
“O eco não é o som original, Salvador não se tornou a República islâmica que os Malês queriam, mas Salvador também é um Eco do que os Malês ansiavam”, acrescenta o curador da exposição.
A co-curadora Mirella Ferreira acredita que “a exposição Ecos Malês olha para a cidade de Salvador e deseja ser olhada por ela. O espaço expositivo propõe diálogo e troca com as pessoas visitantes, com o intuito de construir pensamentos e novas perspectivas de futuro a partir dos ecos de liberdade”.
As obras expostas incluem esculturas, pinturas, fotografias, gravuras, site specific de paredes de adobes, macumbas pictóricas (que é como o artista Cipriano se refere à própria obra), bandeiras, patuás e vídeo performance, divididas em três núcleos: Encontrar, Ruas da Revolta, e Inventar (Liberdade e Defesa).
Ecos Malês conta com assistência de curadoria de Ana Clara Nascimento, Breno Silva e David Sol. Coordenação de produção de Leonardo Góis e expografia assinada por Gisele de Paula. A pesquisa histórica é de Gabriela Leandro Gaia com auxílio de David Sol.
A exposição estará disponível de terça a domingo, das 9h às 17h (com entrada gratuita até às 16h), em cartaz até maio de 2025.
SERVIÇO,
Exposição: Abertura da Exposição Ecos Malês
Período da exposição: 1° de novembro de 2024 a maio de 2025
Local: Casa das Histórias de Salvador
Endereço: Rua da Bélgica, 2 – Comércio
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) – Venda na bilheteria da Casa das Histórias de Salvador ou na plataforma Sympla / Acesso gratuito às quartas-feiras (convenção municipal)
Ingresso único: Os visitantes também poderão visitar a Galeria Mercado (Subsolo do Mercado Modelo) com o mesmo ingresso.