Seis mortes em apenas 15 dias: 2025 tem o início de ano mais violento para as mulheres em Salvador (BA) e RMS

Os números são do Instituto Fogo Cruzado, que monitora a região desde 2022.

Da Redação

Ao menos seis mulheres foram mortas a tiros em Salvador (BA) e Região Metropolitana nos primeiros 15 dias de 2025, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.

Trata-se do início de ano mais violento para as mulheres, desde que o Instituto começou a monitorar a violência armada na região, em maio de 2022. Para efeito de comparação, na primeira quinzena de 2024 houve uma vítima, enquanto 2023 registrou duas mortes.  

A vítima mais recente é Ana Cláudia Silva dos Santos, mulher negra de 47 anos, que foi morta a tiros em sua loja de cachorro-quente, no bairro Periperi, em Salvador. O crime aconteceu na última terça-feira (14), quando um homem entrou no estabelecimento e disparou três vezes nas costas de Ana Cláudia, que era proprietária do local há 10 anos. Seu filho de apenas cinco anos estava dormindo quando a correria das pessoas o despertou, ele chegou a deitar por cima do corpo da mãe, pensando que estivesse dormindo. O autor dos disparos fugiu logo depois, e o crime está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Carla Vitória Andrade Santos, de 23 anos, foi morta em decorrência de um tiro durante um assalto, no bairro São Caetano, no dia 12 de janeiro. A jovem estava na garupa da moto do seu marido, quando dois homens armados em uma motocicleta se aproximaram e anunciaram um assalto. Apesar de já estarem rendidos, um dos criminosos atirou, atingindo o lado esquerdo do peito de Carla, e em seguida levaram a moto. O caso também está sendo investigado pelo DHPP, mas nenhum suspeito foi identificado até então.

No dia 8 de janeiro, Ana Luiza Almeida de Jesus Santos, de 20 anos, foi assassinada a tiros na Avenida Afrânio Peixoto. Quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou no local, a jovem já estava sem vida.

Só na primeira semana do ano, duas mulheres e uma criança tiveram suas vidas ceifadas. No dia 1º, Lara Lis Santos Rangel, de apenas seis anos, foi baleada no rosto dentro de casa enquanto dormia. A família passou a virada do ano em casa, e ao acordar no dia seguinte o pai notou o ferimento no rosto da criança. Lara passou por cirurgia, foi entubada e ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Subúrbio, mas não resistiu ao ferimento e faleceu no dia 5 de janeiro. De acordo com familiares, a bala perfurou o telhado e o forro do teto do quarto onde ela dormia.

Já as duas mulheres, foram mortas na Região Metropolitana. Uma delas, de apenas 19 anos, foi vítima de feminicídio, baleada dentro de casa no bairro Lama Preta, em Camaçari, no dia 4 de janeiro. O suspeito, ex-companheiro da jovem, está preso preventivamente. Segundo informações da Polícia Civil, havia uma Medida Protetiva de Urgência em aberto contra ele, o que não foi respeitado

Também na RMS, Solange Ramos Henrique, de 54 anos, morreu durante um ataque a tiros em um bar de Dias D’Ávila, no dia 5 de janeiro. Dois homens em uma moto efetuaram disparos contra o estabelecimento, onde era realizada uma confraternização, deixando outras seis pessoas feridas.

Mulheres negras são principais vítimas da violência

De acordo com o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 3.930 mulheres foram mortas em 2023. Destas, 1.467 em decorrência de feminicídio, o que equivale a uma vítima a cada 6 horas. O levantamento revela uma estabilidade no perfil das mulheres que são mortas de forma violenta, consolidada ao longo dos anos: elas são negras (66,9%), com idade entre 18 e 44 anos (69,1%). As mulheres negras são as principais vítimas tanto de feminicídio, quanto das demais formas de mortes violentas intencionais, como latrocínio, intervenção policial, homicídios que não são classificados como feminicídio. Em 2023, 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras. 

Na Bahia, também em 2023, foram contabilizados 108 casos de feminicídio, 611 mulheres vítimas de homicídio e 209 tentativas de feminicídios. O estado ocupa a terceira pior posição no país em relação à taxa de homicídios contra mulheres. Em novembro do último ano, ativistas se reuniram no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, num ato público por reparação e acesso à justiça pela vida das mulheres negras. O objetivo foi denunciar a ineficiência e negligência no enfrentamento ao aumento da violência contra as mulheres, além da demora na punição dos agressores.

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