Texto: Divulgação
O Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras da Bahia e Sergipe (CPP-BA/SE) realiza, nos dias 23 e 24 de abril, em Salvador (BA), o seminário “Impactos do Racismo Ambiental sobre a Vida das Crianças, Adolescentes e Jovens”. A proposta do encontro é sistematizar informações e dados sobre a realidade de comunidades pesqueiras dos dois estados, com foco na juventude e na infância. A programação do evento inclui mesas de debate, trabalhos em grupo e elaboração coletiva de diagnósticos e estratégias de enfrentamento.
A atividade é voltada para populações tradicionais diretamente afetadas por violações ambientais e desigualdades sociais, como pescadores, marisqueiras, indígenas e quilombolas. Com apoio da ActionAid, UNICEF, Coletiva Mahin, Iyaleta – Pesquisa, Ciências e Humanidades e Geledés – Instituto da Mulher Negra, o seminário parte da realidade de territórios onde crianças crescem sem acesso pleno a saneamento, moradia digna, saúde, alimentação e outros direitos fundamentais.
No primeiro dia, a mesa de abertura aborda o conceito de racismo ambiental e seus impactos na vida de crianças, adolescentes e jovens, com participação de pesquisadoras e organizações da sociedade civil. Na parte da tarde, o grupo realiza um diagnóstico coletivo sobre os efeitos dessa violência estrutural e a atuação dos órgãos políticos e ambientais. O objetivo é mapear as experiências vividas nos territórios e pensar em respostas possíveis a partir das próprias comunidades.
A programação do segundo dia é dedicada à construção de estratégias de enfrentamento. Pela manhã, os grupos trabalham propostas para dar visibilidade ao tema e desenvolver iniciativas de combate ao racismo ambiental. À tarde, uma nova mesa debate o abuso sexual infantil, com foco nos desafios enfrentados por comunidades pesqueiras e nas medidas de proteção previstas pela Lei da Escuta Protegida (Lei 13.431/2017), em vigor desde 2017.
O seminário acontece em um contexto de violações contínuas aos direitos das infâncias negras e periféricas no Brasil. Dados do UNICEF, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontam que entre 2017 e 2020, mais de 180 mil crianças e adolescentes sofreram violência sexual no país. Esses dados revelam não apenas a gravidade da situação, mas a urgência de políticas públicas específicas para essas populações, que convivem com múltiplas camadas de exclusão.